O presidente do Conselho Pontifício da Cultura, cardeal Gianfranco Ravasi, disse esta sexta-feira à noite, em Guimarães, que a sociedade precisa de fomentar o encontro pessoal e voltar às grandes interrogações sobre o sentido da vida e do mundo

O presidente do Conselho Pontifício da Cultura, cardeal Gianfranco Ravasi, disse esta sexta-feira à noite, em Guimarães, que a sociedade precisa de fomentar o encontro pessoal e voltar às grandes interrogações sobre o sentido da vida e do mundo
O cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura (CPC), desafiou a juventude em particular e a sociedade em geral, a recuperarem a riqueza da relação pessoal, feita do encontro através do olhar e não apenas por intermédio das novas plataformas tecnológicas. Na sua intervenção no Átrio dos Gentios, esta sexta-feira à noite, em Guimarães, o membro da Cúria Romana disse também que o mundo tem necessidade de voltar às profundas interrogações sobre a vida. O elemento fundamental da mente é a pergunta e uma das tragédias do nosso tempo é que as grandes perguntas já não se coloquem, afirmou o cardeal durante o debate sobre O valor e o sentido da vida de cada ser humano com o neurocirurgião João Lobo antunes, que encheu o Grande auditório da Universidade do Minho. O presidente do CPC considera que o primeiro símbolo da vida humana é a relação e, nesse sentido, alertou os jovens mais absorvidos pelas formas de comunicação virtuais para o perigo de estarem a perder uma componente fundamental da humanização: o diálogo dos rostos. a vida precisa de relação, porque o eu e o tu constrói-se através do olhar, afirmou Ravasi. Especialista em Bíblia, o cardeal incitou ainda os crentes e não crentes a refletirem sobre a mensagem do Evangelho. a Bíblia é uma lâmpada para os passos no caminho da vida, o grande vocabulário da cultura ocidental, a estrela polar da nossa cultura, sublinhou. Já João Lobo antunes recordou uma pergunta feita pelo neto de 13 anos, sobre o significado da vida, para referir que, na sua opinião, a vida só faz sentido se for digna de ser vivida. O neurocirurgião lamentou ainda a existência de uma cultura de ruído, que dificulta o mergulhar no silêncio. antes do debate, o arcebispo de Braga e anfitrião do Átrio dos Gentios, Jorge Ortiga, disse haver hoje um novo paradigma social, em que a economia se sobrepôs à dignidade da vida humana. Para o prelado, é tempo de mobilizar as diversas sensibilidades culturais na procura de horizontes de vida, que mitiguem o escândalo confrangedor da miséria humana, sendo o projeto criado pelo Vaticano para promover o diálogo entre crentes e não crentes um possívelsinal de esperança responsável para o povo português, acrescentou.