Os princípios delineados há quase cem anos pelo beato José allamano, fundador dos missionários da Consolata, continuam plenos de atualidade.cometeram-se no passado demasiados erros de intolerância
Os princípios delineados há quase cem anos pelo beato José allamano, fundador dos missionários da Consolata, continuam plenos de atualidade.cometeram-se no passado demasiados erros de intolerânciaSobre a caridade ou melhor sobre a mansidão a usar para com os indígenas já vos falei outras vezes e com muita insistência e por isso espero que não preciseis que eu volte ao assunto. Só vos digo que é isso o que mais desejo e deve ser um propósito a renovar todos os dias. Há um sacrifício que temos que fazer: o de ter muita paciência com os africanos. Mesmo que por vezes pareçam duros e obstinados, é preciso tratá-los bem; seria muito mau se perdêssemos a paciência. afastaríamos essas pessoas e perdê-las-íamos. Por conseguinte, paciência e mansidão. a primeira virtude do verdadeiro ministro de Deus é a paciência, mas uma paciência heroica, constante, em tudo… a conversão dos pagãos obter-se-á conforme o maior ou menor grau de paciência. Na África há imensa necessidade de mansidão. Quando se fala uma vez e nada se obtém; duas vezes, e nada! Vem vontade de mandar tudo pelos ares. Mas seria uma desgraça. Um gesto de impaciência, recordá-lo-iam por toda a vida e o missionário perderia a estima dos outros. Não tenho dúvidas sobre a atualidade e importância destes princípios gizados há quase cem anos pelo beato José allamano. a nossa humanidade tem feito progressos enormes no acolhimento, na tolerância e no respeito por todas as culturas e modos de pensar. Hoje, mais do que nunca, isso é necessário porque só no diálogo e no respeito mútuo pelos valores humanos e espirituais de cada pessoa e de cada cultura temos a garantia de uma paz verdadeira. ainda há abismos que nos separam. ainda continuamos arreigados na nossa mania de que nós é que somos os melhores, porque pertencentes a uma cultura e civilização superiores, e talvez tratemos os outros como pessoas de segunda ou terceira classe. Coitadinhos! Não têm culpa, ouve-se por vezes dizer…cometeram-se no passado demasiados erros de intolerância e orgulho cultural, cujas marcas ainda nos acompanham. São por isso atuais as ideias que o Beato allamano inculcou nos seus missionários, mas que servem para todos, porque denotam um extremo respeito pelas pessoas. Para mudar o coração das pessoas há um só caminho: amá-las. É o caminho apontado por allamano, que pedia aos seus missionários atitudes que manifestassem, como ele dizia entranhas de misericórdia. allamano não pensava só na salvação das almas daqueles povos para o meio dos quais nos mandou. Queria a sua salvação integral, o seu crescimento humano e divino, para viverem naquela harmonia com que Deus desde sempre os projetou. Inculcava antes de mais nos seus missionários uma especial preocupação pela cultura do povo. Pedia, por exemplo, que anotassem nos seus diários os costumes e ideias dos indígenas, à medida que os fossem conhecendo. Que tomassem nota das palavras, modos de dizer, perguntas ou objeções que fizessem. Dava a máxima importância à aprendizagem das línguas locais para que pudessem aproximar-se das pessoas, compreender a sua realidade cultural e melhor lhes anunciar o Evangelho. Os missionários foram-se pouco a pouco formando para acolherem o diverso e para usarem de paciência e mansidão no modo de tratar as pessoas. Era a pedagogia humana e divina de Jesus que allamano exigia também dos seus filhos. Uma pedagogia sempre atual, porque o Evangelho tem em si a capacidade de se encarnar em todos os povos e culturas. São realidades que, mais do que nunca, falam hoje ao nosso mundo tão necessitado de paciência, de acolhimento, de aceitação e de tolerância, como caminho seguro para a reconciliação e a paz. Entre pessoas, entre famílias e entre povos.