«O Senhor dá pão aos que têm fome, e dá liberdade aos cativos, ilumina os olhos do cego, ergue os abatidos, ama os justos», diz-nos o salmo responsorial da Missa do 32º domingo
«O Senhor dá pão aos que têm fome, e dá liberdade aos cativos, ilumina os olhos do cego, ergue os abatidos, ama os justos», diz-nos o salmo responsorial da Missa do 32º domingo Narra-nos a primeira leitura de hoje um evento da vida dum grande profeta de Israel, que viveu no século IX antes de Cristo: Elias, um homem que tinha um grande amor ao seu Deus, o Deus de Israel. Por causa do seu zelo extraordinário por tudo o que a Deus se referia, foi ele perseguido várias vezes pelos reis e outros chefes da nação, que ele acusava de idolatria. Na leitura de hoje, encontra-se Elias na cidade de Sarepta, a uns 20 Km a norte de Tiro, no Líbano. Havia uma seca terrível naqueles tempos. Elias pediu a uma pobre viúva que lhe desse água para beber e um pãozinho cozido debaixo da cinza. Não tinha a viúva mais nada para comer senão um pouco de farinha e um pouco de azeite na almotolia, para ela e o seu filhinho, mas obedeceu ao pedido do homem de Deus. E enquanto não passou a seca, nunca mais se acabou a farinha nem o azeite em sua casa: a sua caridade para com o profeta levou Deus a fazer o milagre. Milagres fá-los Deus a torto e a direito mesmo nos nossos dias. Mas muitos de nós sofremos por vezes da doença espiritual da miopia: não vemos os muitos milagres que o Senhor faz por meio de tanta gente que, por amor ou compaixão, ajudam os mais pobres a sobreviver nas suas necessidades. Vem-me à mente um exemplo deste género. O Irmão argese, missionário da Consolata, italiano de origem, vive em Mukululu, na região do Meru, Quénia, África oriental. Quando era jovem, o seu ânimo procurava um emprego que desse algo de bem a quem precisava. Entrou para os Missionários da Consolata, e da Itália foi mandado para o Quénia. Pequeno é ele de estatura, a atirar mais para o redondo, parco em seus falares, e de apelido Urso silencioso. Nos seus anos de preparação para o trabalho missionário, fixara a ferro e fogo no coração as palavras do Fundador, o beato José allamano, que dizia: Primeiro é preciso formar homens, depois se formarão cristãos. argese concretizou essa espiritualidade na vida do povo: dado que naquelas zonas onde missionava, no Quénia, faltava a água, e muita gente morria por falta desse precioso líquido, argese decidiu construir aquedutos que levassem as águas das montanhas às populações carenciadas.com maquinaria nada extra-moderna construiu umas três centenas de quilómetros de aquedutos. agora já há hortas na zona, crescem animais domésticos, a vida mudou por completo. Mesmo as Nações Unidas admitiram que ele fizera e faz um trabalho notável e lá o chamaram a Nova Iorque para receber um prémio de agradecimento pelo bem feito a uma das regiões mais pobres da humanidade. O Evangelho deste domingo arredonda a conta: Estando um dia Jesus no Templo de Jerusalém a observar os que deitavam as suas ofertas na caixa das doações do Templo, viu Jesus uma pobre viúva deitar na caixa uma pobre oferta de duas pequenas moedas. E Jesus ensinou: Esta pobre viúva ofereceu mais do que todos os outros, porque deu o que tinha para viver. afinal, a pobre viúva, tal como o Irmão argese e tantas outras pessoas por este mundo de Cristo além, mesmo quando dão pouco oferecem muito, porque com o dom oferecem o próprio coração. E mais do que isso ninguém pode dar.