«O homem é um ‘mendigo de Deus’ e só em Deus encontra a verdade e a felicidade que procura sem descanso», afirmou Bento XVI nesta quarta-feira, dia 7 de novembro, na Praça de São Pedro, em Roma
«O homem é um ‘mendigo de Deus’ e só em Deus encontra a verdade e a felicidade que procura sem descanso», afirmou Bento XVI nesta quarta-feira, dia 7 de novembro, na Praça de São Pedro, em RomaO Papa prosseguiu nesta audiência geral a sua catequese sobre o ano da Fé. Na sua reflexão afrontou um aspeto fascinante da experiência humana e cristã: o homem traz em si mesmo um misterioso desejo de Deus. Para reforçar esta ideia, citou logo no início da sua alocução o Catecismo da Igreja Católica: O desejo de Deus é um sentimento inscrito no coração do homem, porque o homem foi criado por Deus e para Deus. Deus não cessa de atrair o homem para Si e só em Deus é que o homem encontra a verdade e a felicidade que procura sem descanso (nº 27). Para abrir caminho à fé, Bento XVI, referiu a necessidade de uma verdadeira pedagogia do desejo, dentro da experiência humana: as experiências humanas fundamentais, como o amor e a amizade, mostram que em todo o desejo humano há um eco de um desejo maior, que nunca se satisfaz plenamente. Esta dinâmica do desejo testemunha que o homem é um ser religioso. Mesmo no abismo do pecado – prosseguiu o Papa – não se apaga no homem aquela centelha que lhe permite reconhecer o verdadeiro bem, saboreá-lo e iniciar um percurso de subida no qual Deus, com o dom da sua graça, não faz faltar a sua ajuda. Falando da humanidade como peregrina da pátria celeste, o Papa deixou votos de que neste ano da Fé, Deus mostre o seu rosto aos que o procuram de coração sincero. E acrescentou: Nesta peregrinação, sintamo-nos irmãos de todos os homens, companheiros de viagem também dos que não acreditam, de quem está em busca, de quem se deixa interrogar com sinceridade pelo dinamismo do próprio desejo de vida e de bem. Falando em português, Bento XVI resumiu assim o seu pensamento: Embora muitos dos nossos contemporâneos possam objetar que não sentem tal desejo (de Deus), este não desapareceu completamente do seu coração. Na verdade, por detrás dos mais diversos desejos que o movem, esconde-se um desejo fundamental que nunca está plenamente saciado. O homem conhece bem aquilo que não o sacia, mas não pode imaginar nem definir o que lhe faria experimentar aquela felicidade de que sente nostalgia no coração. O homem é um mendigo de Deus’ e só em Deus encontra a verdade e a felicidade que procura sem descanso. Por isso, não se trata de sufocar o desejo que está no coração do homem mas de o libertar, a fim de que possa alcançar a sua verdadeira altura. No fim da audiência, Bento XVI fez um apelo para a paz na Síria: Façamos tudo o que for possível pela paz; antes que seja tarde de mais.