O labirinto de caminhos que se nos deparam para os próximos anos, ou décadas, são cada vez mais sinuosos. Temos uma só vida, mas será bom não esquecer que ela tem dois sentidos: humano e divino
O labirinto de caminhos que se nos deparam para os próximos anos, ou décadas, são cada vez mais sinuosos. Temos uma só vida, mas será bom não esquecer que ela tem dois sentidos: humano e divinoDesde que nasce até à morte,O homem faz um percurso muitas vezes contraditório, assente na procura do bem-estar pessoal ou coletivo. Não que isso constitua um mal em si. Pelo contrário! Mas forçosamente gera insatisfação. Quantas vezes as pessoas expressam este desejo: gostava que me saísse o euro milhões. O que eu faria! E a verdade é que são milhões de pessoas a jogar, sempre com a esperança que algum dia obtenham um prémio tão chorudo. O poeta dizia que a esperança comanda a vida. E, no fundo, tal corresponde a um objetivo que está ao alcance de todos nós. Contudo, cada pessoa tem uma perspetiva diferente na forma de tentar atingir essa finalidade. Uns conseguem-no; outros não. Somos confrontados diariamente com problemas de toda a ordem. Não há um amigo, vizinho, conhecido, ou até desconhecido, que não tenha dificuldades. E, na maior parte dos casos, são económicas. No entanto, a economia não comanda tudo, embora tenhamos essa ilusão dado a pressão que sofremos por não termos o suficiente para o que desejamos. Se há pessoas e famílias – e infelizmente são muitas – que sofrem pela falta de condições para ter uma vida digna, ou pelo menos razoável, também há outras que não se esforçam o suficiente para o conseguir, optando por um deixa andar incompreensível. Em grande parte, será aqui que reside a diferença entre o conseguir ou não. Está na moda aconselhar os cidadãos a poupar, como se a maioria o pudesse fazer! Não podemos não ter em conta que o desequilíbrio social é enorme. E de futuro será ainda maior. O que nos deve fazer refletir e tentar gastar mesmo apenas o necessário. Equilíbrio e bom senso são as plataformas que devem nortear, hoje mais que nunca, o nosso dia a dia. Precisamos sempre de tanta coisa, pensamos nós. Mas no fundo será que isso é absolutamente necessário ou poderemos prescindir? a vida é feita de sacrifícios, dizia-me um amigo meu. Terei que concordar que só o facto de o reconhecermos já ajuda a encarar as coisas de forma diferente e que nos poderá permitir aceitar com mais humildade o que de bom ou mau nos acontece. apesar de tudo, estamos em crer que é legítima a preocupação das pessoas em disfrutar de algum conforto e satisfação das necessidades pessoais ou coletivas. É racional. O contrário seria falsear a realidade. Contudo, também não devemos esquecer que ao nosso lado, perto ou longe, estão os outros que navegam no mesmo barco e que porventura sofrem tanto ou mais carências. E têm o mesmo direito a que nos arrogamos. Estaremos nós preparados para lhe estender uma mão amiga? Há sempre quem precise mais que nós. Só temos que estar atentos para o perceber. Enquanto cristãos devemos estar sempre na primeira linha para abrir o coração aos outros e fazê-lo com atos, não apenas por palavras, mesmo que isso possa representar a privação pessoal de algo. O nosso povo diz: quem dá aos pobres empresta a Deus, mas eu direi antes quem ama a Deus deve dar-se aos outros.