Na povoação onde vivia assistia à chegada de famílias que fugiam de conflitos armados.comovido e decidido a ajudar, ahmid abandonou o trabalho numa empresa estrangeira e hoje é funcionário de uma agência da ONU que apoia e protege refugiados
Na povoação onde vivia assistia à chegada de famílias que fugiam de conflitos armados.comovido e decidido a ajudar, ahmid abandonou o trabalho numa empresa estrangeira e hoje é funcionário de uma agência da ONU que apoia e protege refugiadosTaberakam. É com esta palavra que ahmid ag Rali cumprimenta calorosamente os recém-chegados ao campo de refugiados de Mentao, situado a 95 quilómetros da fronteira entre Burkina Faso e Mali. a forma de saudação que usa significa bem-vindo em tamasheq, e é uma variedade de tuaregue que é falada em Timbuktu e outras áreas do Mali. ahmid ag Rali, 35 anos, 1,85 metros de altura, de origem tuaregue, é assistente de serviços comunitários do alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (aCNUR).
O que tem de particular a sua história? No início deste ano, ahmid deixou o seu confortável emprego no setor privado e ofereceu-se para trabalhar no aCNUR, depois de ver várias crianças, entre as famílias refugiadas do Mali, que começaram a chegar à sua povoação, no norte de Burkina Faso. Desde criança, sempre quis fazer a diferença na vida das pessoas, explicou o tuaregue, citado pelos serviços de comunicação da agência da ONU para os refugiados. Tornar-me um trabalhador humanitário era minha verdadeira vocação – no aCNUR, eu me sinto em casa, referiu.
Pela madrugada, ahmid é habitualmente a primeira pessoa da agência da ONU para os refugiados a ser vista pelas famílias que chegam durante a noite a Mentao, um dos dois campos de refugiados localizados em Oudalan, a província natal do tuaregue. ahmid trabalha como assistente de serviços comunitários, ajudando os mais vulneráveis entre os refugiados recém-chegados, como os idosos, as grávidas e as pessoas com deficiência.
O conhecimento local, as competências linguísticas e a sensibilidade cultural deste funcionário têm-se revelado ferramentas vitais. a minha cerimónia de boas-vindas é uma arte. Se eu colocar de forma errada o meu olhar ou qualquer uma das minhas palavras, posso perder a confiança deles para sempre, explicou o funcionário do aCNUR, que conhece os nomes de todos os que estão sob seu cuidado.
as funções que atualmente desempenha, junto dos refugiados malianos, levam-no a passar longos períodos longe da sua esposa e do seu filho recém-nascido. Tenho duas casas: uma nos acampamentos, onde posso criar um mundo melhor, e outra com minha família, onde posso viver no melhor lugar do mundo já criado referiu o tuaregue. Mentao, o campo onde ahmid ag Rali trabalha, abriu há seis meses e acolhe mais de 6 mil pessoas que fogem do conflito, que iniciou em janeiro, entre as forças do governo do Mali e os rebeldes tuaregues do Movimento Nacional pela Liberação de l’azawad.