O clima entre Jesus e as autoridades religiosas do seu tempo tinha vindo a deteriorar-se, mas é após a expulsão dos vendedores do templo e a acusação que Jesus faz de terem transformado a Casa de Deus num covil de ladrões que a situação se precipita
O clima entre Jesus e as autoridades religiosas do seu tempo tinha vindo a deteriorar-se, mas é após a expulsão dos vendedores do templo e a acusação que Jesus faz de terem transformado a Casa de Deus num covil de ladrões que a situação se precipitaas autoridades tomam então a decisão que Jesus tem de ser eliminado. apesar deste contexto e sempre em Jerusalém, dá-se este encontro entre Jesus e um escriba, do qual nada se sabe, exceto que era um escriba. O evangelista Marcos não sinaliza este encontro como um momento de prova, mas como a busca sincera de uma resposta da parte do escriba. a questão sobre o maior dos mandamentos era algo pouco pacífico entre os judeus daquele tempo.com o multiplicar-se dos preceitos, a questão passava a ser primordial. Grande era a discussão em volta do assunto, sem grandes consensos. O maior mandamento É neste cenário que surge a pergunta do escriba a Jesus sobre o maior mandamento. a resposta de Jesus aparentemente não apresenta nenhuma novidade.começa por citar o livro do Deuteronómio (Dt 6,4-5), onde se declara como fundamental o amor a Deus, amor esse que perpassa todas as realidades da pessoa, ou seja, um amor que deve ser pleno, total, sem quaisquer limites. Jesus, porém, parece não se dar por satisfeito e cita um texto do Levítico (Lv 19,18), que convida a amar o teu próximo como a ti mesmo.como é fácil de entender, não existe uma novidade nos textos, mas Jesus copia textos do antigo Testamento. Qual é então a novidade de Jesus? a novidade está no colocar no mesmo plano os dois mandamentos. No fundo, não se interessa em dizer qual é o primeiro/maior dos mandamentos, mas a raiz de todos os mandamentos, que para Jesus é o amor, que se concretiza no amor a Deus e ao próximo.como entender a resposta de Jesus? Jesus fala de uma moeda com duas faces: Deus e o próximo. São duas realidades que não podem ser separadas, mas que estão intimamente ligadas. Exemplo de Jesus Convém olhar para o exemplo que Jesus, que viveu toda a sua vida procurando discernir a vontade do Pai; essa vontade levou-o a estar ao serviço do próximo. De facto os evangelhos tendem a mostrar Jesus um tanto distante da realidade religiosa do seu tempo, não muito absorvido com as preocupações rituais das autoridades religiosas, mas muito mais preocupado com a realidade das pessoas. assim, os evangelhos são propensos a mostrar a compaixão de Jesus nos confrontos dos que sofrem e que foram colocados às margens da comunidade. O amor que Jesus tem pelo Pai concretiza-se no amor e na atenção que dedica ao próximo. amor sem limites Num olhar atento a outros textos bíblicos sobre o tema, é possível descobrir que o amor de que Jesus fala é um amor sem limites; por isso, não se deve entender a expressão como a si próprio como uma condição, uma vez que para Jesus não existe qualquer condicionalismo, mas deve ser um amor que vai até às últimas consequências. Estas palavras podem parecer-nos palavras lindas, mas vazias. No entanto, hoje continuamos a ter vários exemplos de pessoas que sabem amar sem limites. Fazem-no tantas vezes no silêncio, sem muita publicidade realizando na sua vida este amor sem limites ao estilo de Jesus. Não estás longe… O escriba, qual pessoa sincera em busca da vontade de Deus, reconhece a veracidade da resposta de Jesus, declara concordar com o Nazareno, o qual lhe atesta a sinceridade e o confirma próximo do Reino de Deus. O Evangelho apresenta-nos de uma forma simples o caminho, mas agora compete-nos a nós fazer a estrada.