a Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou a Mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado de 2013, com o tema «Migrações: peregrinação de fé e de esperança»
a Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou a Mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado de 2013, com o tema «Migrações: peregrinação de fé e de esperança»Citando a Constituição pastoral Gaudium et spes do Concílio Ecuménico Vaticano II, Bento XVI sublinha nesta mensagem que a Igreja caminha juntamente com toda a humanidade, pelo que as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. a mensagem cita a Encíclica Caritas in veritate do próprio Bento XVI quando, referindo-se aos milhões de homens e mulheres que, por diversas razões, vivem a experiência da emigração, diz que a Igreja inteira, em todo o seu ser e agir, quando anuncia, celebra e atua na caridade, tende a promover o desenvolvimento integral do homem. Sublinha depois que os fluxos migratórios são um fenómeno impressionante pela quantidade de pessoas envolvidas, pelas problemáticas sociais, económicas, políticas, culturais e religiosas que levanta, pelos desafios dramáticos que coloca à comunidade nacional e internacional, porque todo o migrante é uma pessoa humana e, enquanto tal, possui direitos fundamentais inalienáveis que hão-de ser respeitados por todos em qualquer situação. O Papa relaciona o ano da Fé e o Sínodo sobre a nova evangelização com o tema da Jornada Mundial do Migrante e do Refugiado de 2013: Na realidade, fé e esperança formam um binómio indivisível no coração de muitos migrantes, dado que neles existe o desejo de uma vida melhor, frequentemente unido ao intento de ultrapassar o desespero’ de um futuro impossível de construir. ao mesmo tempo, muitos encetam a viagem animados por uma profunda confiança de que Deus não abandona as suas criaturas e de que tal conforto torna mais suportáveis as feridas do desenraizamento e da separação, talvez com a recôndita esperança de um futuro regresso à terra de origem. Mais à frente, sublinha o papel da Igreja neste campo: Por um lado a sua solicitude contempla as migrações sob o perfil dominante da pobreza e do sofrimento que muitas vezes produz dramas e tragédias, intervindo lá com ações concretas de socorro que visam resolver as numerosas emergências, graças à generosa dedicação de indivíduos e de grupos, associações de voluntariado e movimentos, organismos paroquiais e diocesanos, em colaboração com todas as pessoas de boa vontade. Logo a seguir, evidencia todas as intervenções de acolhimento que favorecem e acompanham uma inserção integral dos migrantes, mas sublinha que nesta solicitude, a Igreja deve evitar o risco do mero assistencialismo na sua relação com os migrantes e refugiados, procurando favorecer a autêntica integração numa sociedade onde todos sejam membros activos e responsáveis pelo bem-estar do outro. a mensagem, citando mais uma vez a Constituição conciliar Gaudium et spes, recorda que o direito que a pessoa tem de emigrar conta-se entre os direitos humanos fundamentais, com faculdade de cada um se estabelecer onde crê mais oportuno para uma melhor realização das suas capacidades e aspirações e dos seus projetos. Mas Bento XVI vai muito mais além quando diz que no contexto sociopolítico atual, ainda antes do direito a emigrar há que reafirmar o direito a não emigrar, isto é, a ter condições para permanecer na própria terra.