aos domingos costumo ir ajudar nas várias aldeias da paróquia de Boko, na periferia de Dar-es-Salaam, na Tanzânia.com mais frequência do que noutros lugares celebro com a comunidade de Bunju, onde se encontra o Consolata Mission Centre
aos domingos costumo ir ajudar nas várias aldeias da paróquia de Boko, na periferia de Dar-es-Salaam, na Tanzânia.com mais frequência do que noutros lugares celebro com a comunidade de Bunju, onde se encontra o Consolata Mission CentreNão posso dizer que conheço a todos: seja pela raridade da celebração seja pela mobilidade dos fiéis. Todavia muitos rostos já me são conhecidos. Especialmente os dos jovens, que aliás não abundam na igreja, porque muitos estudam nas escolas secundárias com residências. Um domingo fiquei surpreendido com um jovem que veio receber a comunhão. Nunca o tinha visto. Depois da missa permanece na igreja e fixa o crucifixo com um olhar intenso. Não queria perturbá-lo nesta sua conversação silenciosa com o Senhor. Mas, curioso, ouso aproximar-me e faço-lhe as perguntas clássicas: De onde és? Onde é que estudas? Quantos anos tens? Como te chamas? À última pergunta responde: ali. O nome revela a sua identidade muçulmana, pelo que lhe digo: Mas tu fizeste a comunhão! Não pretende ser uma censura, mas um modo de conhecer melhor o jovem e tudo o que alberga no seu coração. Não se atrapalha e responde: Mas eu quero tornar-me católico. aliás, Jesus não disse tomai e comei todos?’ Tu mesmo repetiste estas palavras a um certo ponto da oração. Eu tomei e comi, até porque ouvi dizer que este é o modo privilegiado com o qual nos ajuda e eu quero ser seu amigo. Não posso cair na asneira de fazer com ele uma discussão teológica nem sobre a oportunidade de continuar a fazer o que fez. São demasiado cândidas as suas palavras! O que mais surpreende é a sua fé e o modo simples de a exprimir. E vêm-me à ideia a admiração e os louvores de Jesus a pessoas pagãs que nele depositam fé confiança. E porque não ali? ali continua a falar-me de si mesmo e da sua família, das suas aspirações e projetos para o futuro. a clareza com que falou da Eucaristia – se é que de clareza se pode falar! – mostrou-a também acerca de outras dimensões da sua vida. Não esconde o seu temor pela escolha que entende fazer. É por isso que, afirma, ficou na igreja para pedir coragem. Sabe que terá o obstáculo da sua família, mas salienta que não entende deixar-se intimidar. Pede que eu o ajude com a minha oração. ali, deveras me impressionaste! acompanho-te de todo o coração na decisão que mudará a tua vida: a nível de fé e a nível social. És corajoso!