O missionário Matthew arose regressou à sua terra natal, o Quénia, depois de 20 anos em missão no exterior. O que encontrou na nova paróquia leva-o a questionar a sua identidade nacional e o orgulho de ser queniano
O missionário Matthew arose regressou à sua terra natal, o Quénia, depois de 20 anos em missão no exterior. O que encontrou na nova paróquia leva-o a questionar a sua identidade nacional e o orgulho de ser quenianoEscrevo a partir da região do Quénia-Uganda, que é a minha nova realidade missionária desafiante e desoladora que questiona a minha identidade nacional e o orgulho de ser queniano. alguém colocou esta questão no telejornal do Quénia. É com ela que eu desejo hoje iniciar a minha reflexão. Coloco esta questão precisamente por me encontrar cara a cara com a realidade crua de desolação na minha própria terra depois de quase 20 anos de vida missionária lá fora. a campanha de quaresma deste ano teve um tema interessante para os católicos do Quénia. Perguntava: Nani atachange life yako, isto é, quem mudará a tua vida? Desejo colocar esta reflexão também como resposta à realidade descrita. assumo o lema desta campanha quaresmal como um desafio de consolação no país que há cem anos foi evangelizado, mas que parece que voltou para trás. Talvez se recordem do fórum social mundial, que se realizou em Nairobi, Quénia, em janeiro de 2007, através do qual se pôde conhecer melhor a situação de pobreza da África. Nas conclusões prometeu-se o perdão da dívida externa e o Quénia saiu beneficiado. O governo italiano deu 44 milhões de euros pensando que o fórum social mundial poderia ser a ocasião para formalizar este compromisso. Lamento dizer que o suposto perdão da dívida da parte do governo italiano, em mútuo acordo com o governo queniano, foi só um rebuçado. Regresso após 20 anos de missão, mas o Quénia já não é o país de que me orgulhava, pela mudança drástica que ocorreu. O país prepara-se para as eleições presidenciais de 2013 no meio de muitas tensões. Surgem guerras esporádicas entre grupos étnicos devido à pouca clareza na política do governo de coligação, há crises económicas e desemprego da juventude. Vive-se numa grande insegurança social por causa das constantes bombas suicidas nas cidades e centros de culto.começam os sequestros por parte do grupo terrorista alshabab. Certamente que as eleições deveriam criar esperança e ajuda no desenvolvimento do país através das mudanças prometidas. Mas, com a proximidade das novas eleições presidenciais, o medo apodera-se da população mais vulnerável, deixando ondas de desolação. Os cidadãos manifestam medo e perda de confiança no governo de coligação. O Quénia dos nossos dias está entre os países de muita miséria e sofrimento humano por causa da má administração dos bens públicos por parte dos líderes civis e políticos. Morrem muitos jovens por causa da SID a que é mais do que um problema de promiscuidade. Lamentamos a perda de muitos recursos humanos, uma vez que se trata de uma população jovem e com energia que devia desenvolver o país e velar pelos seus filhos. Toda esta realidade de miséria e sofrimento faz com que hoje tenhamos no Quénia muitas crianças órfãs e viúvas como chefes de família. Muitas destas viúvas são avós de idade avançada. Por azar, essas pessoas são os próprios fiéis das nossas paróquias e dos nossos lugares de missão que deveriam sustentar a paróquia. Esta situação tão deprimente gera um sentimento de impotência perante a missão e o carisma de consolação especialmente na paróquia de alendu, onde procuro exercer o nosso carisma. O chamamento a ser profeta e missionário ad gentes na minha própria terra converte-se num grande desafio, tal como foi o de Jesus.