O apoio familiar e de proximidade tem sido fundamental para quem está a passar por dificuldades. Mas esta caridade não desobriga o Estado de cumprir com as suas obrigações, alertou esta terça-feira o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa
O apoio familiar e de proximidade tem sido fundamental para quem está a passar por dificuldades. Mas esta caridade não desobriga o Estado de cumprir com as suas obrigações, alertou esta terça-feira o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesaao governo não compete fazer caridade, compete fazer justiça. E por justiça, neste caso em concreto, entende-se o cumprimento das obrigações do Estado para com as Misericórdias e outras instituições de solidariedade social, que estão a passar por dificuldades de tesouraria. Para o padre Manuel Morujão, porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), o horizonte apresenta-se negro para muitas das instituições sociais da Igreja e pode tornar-se insustentável caso o Estado não cumpra com os seus deveres. Não é para encher os cofres das instituições de solidariedade social, mas para que possam continuar a servir com decência e com dignidade as pessoas que batem à sua porta e a apoiar aqueles que estão em estado de falência ou de austeridade permanente, adiantou o sacerdote, esta terça-feira, 23 de outubro, no final da reunião do Conselho Permanente da CEP, que se realizou em Fátima. O patamar mínimo da caridade é a justiça. E ninguém se deveria sentir bem na sociedade, concretamente os governantes, se isso não chega aqueles que mais precisam, disse o sacerdote, elogiando o sentido solidário dos portugueses, em que os pais ajudam os filhos, as famílias se apoiam mutuamente e os vizinhos dão sentido ao conceito de proximidade. Esta solidariedade de vizinhança tem sido uma tábua de salvação magnífica e um estímulo para todas essas mãos e corações que têm apoiado os mais necessitados, acrescentou. Interpelado a comentar o ataque informático ao site do Patriarcado de Lisboa, no fim de semana, Manuel Morujão classificou-o como um ato de baixo nível. Não se ofendeu uma pessoa em particular, mas a grande maioria do povo português, afirmou o porta-voz da CEP, destacando o papel do cardeal patriarca, José Policarpo, na defesa das causas do povo e da equidade na aplicação das medidas de austeridade. Na reunião do Conselho Permanente desta terça-feira, os bispos analisaram algumas notais pastorais que esperam submeter a aprovação na próxima assembleia plenária da CEP, em novembro, nomeadamente uma relacionada com os 90 anos do escutismo em Portugal e com os 150 anos do nascimento da beata Maria do Divino Coração, uma alemã que trabalhou na zona do Porto e deixou uma importante obra a nível social e espiritual.