Foi este o lema do ano Jubilar da Diocese de Orán, celebrado no ano passado. Pensei nele quando a Providência quis que a destinação missionária me conduzisse até estas terras do Chaco, no extremo leste da província de Salta, na argentina

Foi este o lema do ano Jubilar da Diocese de Orán, celebrado no ano passado. Pensei nele quando a Providência quis que a destinação missionária me conduzisse até estas terras do Chaco, no extremo leste da província de Salta, na argentina
Há já alguns meses que me encontro em Morillo ou Coronel Juan Solá, um município muito extenso chamado Rivadia Banda Norte, que compreende várias povoações ao longo da Estrada Nacional 81. a população é maioritariamente crioula, embora uma percentagem importante (perto de 35 por cento) seja constituída por aborígenes Wichi. Estar aqui é como estar ligado a um cabo, a terra muito forte e desafiante em relação ao serviço – também ele desafiante – que o bispo Marcelo Colombo tinha solicitado ao nosso Instituto na qualidade de delegado episcopal da Pastoral Indígena da diocese. Embora a vida missionária na argentina me tivesse brindado com a possibilidade de dedicar a maioria dos meus anos a partilhar os anseios e as lutas dos povos indígenas do norte do País (Tobas, Kollas, Guarani), esta é uma etapa na qual, com renovado espírito de aprendiz, vai ser necessário lançar-me nas ondas da Boa Nova que deixaram todos os que – religiosos e leigos – entregaram a sua vida para o acompanhamento da Pastoral Indígena da diocese e do povo aborígene Wichi, etnia maioritária nesta zona. Morillo tem sido o centro para tal acompanhamento, tendo inclusive uma estrutura diocesana que cumpriu este duplo objetivo, o Centro Tepeyac. Foi iniciado pelo bispo Gerardo Sueldo e estimulado por um grupo de leigos, provenientes de vários pontos do País, há mais de 20 anos, leigos esses que fizeram como opção de vida a inserção neste meio aborígene, tornando-o lugar de acolhimento, preparação e promoção dos Wichi. Esta preparação abrange vários âmbitos: jurídico, artesanal, educação bilingue e intercultural, projetos de produção e saúde. a própria construção do centro foi feita pelos aborígenes, acompanhados por profissionais e irmãos indígenas tobas’ vindos da província do Chaco. a partir da multiculturalidade do nosso Instituto missionário e da nossa pobreza, estamos a colocar o nosso grão de areia para garantir que essas ondas da Boa Nova cheguem aos vários lugares onde temos que trabalhar, embora nos sintamos pequenos perante este enorme desafio, tal como me sinto eu mesmo – pequeno – neste momento especial da minha vida.completo este breve relato com um comentário acerca do Dia do aborígene americano, em que participei no dia 19 de abril, no centro comunitário da comunidade de La Cortada. Nesse encontro escutaram-se uma vez mais, como gritos e súplicas, as reivindicações – demasiado adiadas – da terra, da saúde e da educação. ao regressar a casa, convidámos os pastores de algumas comunidades para uma celebração ecuménica a realizar na paróquia, no domingo, como parte da Semana dos Povos Indígenas. a resposta e a disponibilidade positivas parecem ser um bom auspício para o trabalho a encarar com maior espírito de diálogo inter-religioso e intercultural.