através de um conjunto de reflexões e interrogações, o irmão Carlo Zacquini, missionário da Consolata, dá-nos a conhecer as dificuldades que enfrenta para avançar com a construção de um centro indígena no Brasil
através de um conjunto de reflexões e interrogações, o irmão Carlo Zacquini, missionário da Consolata, dá-nos a conhecer as dificuldades que enfrenta para avançar com a construção de um centro indígena no Brasilaparentemente, os missionários da Consolata, se deram conta que o futuro da nossa instituição está menos azul do que sempre se achou. Os motivos? O primeiro, e o de maior peso, é que já não se fazem missionários como antigamente! Em segundo lugar, os missionários estão desaparecendo aos poucos. Será que os jovens não sentem mais esta chamada? Será que eles são menos generosos? Será que nas famílias, reduzidas a um ou dois filhos, se tem mais dificuldade em aceitar que alguém escolha esse percurso? Será que o nosso Instituto não está conseguindo estar a par dos tempos? Ou será que é uma situação geral da Igreja Católica? Há um terceiro motivo que poderia estar a monte dessa dificuldade: O Concílio Vaticano II traçou metas e deu orientações que não estão respondendo aos anseios dos cristãos de hoje? O fato de ter transparecido que todos os cristãos devem ser missionários terá diluido a nossa tarefa? Ou será que deve ser revista a forma do nosso envolvimento? Que essa forma se tenha tornado rígida demais? Ou que a vida moderna tenha enfraquecido o carácter dos jovens? Poderia ainda haver outros motivos: quem sabe a crise económica que faz diminuir os recursos para sustentar as nossas atividades, e, em alguns casos, até faz faltar aquilo que hoje é considerado indispensável. a crise religiosa que nos nossos países de origem está esvaziando as igrejas e o cofre das ofertas para as missões. Certamente não pretendo esgotar todos os motivos que podem estar a monte dessa situação. Por outro lado, olhando ao redor, entre os círculos das pessoas que conheço, que estão há anos atrás de todos os nossos empreendimentos com muita constância e generosidade, estão perdendo representantes, estão se tornando idosas e não encontram novas forças para seguir a caminhada. Hoje é possível também encontrar leigos que se doam por períodos de anos à missão. É uma coisa muito bonita e nesse momento dois deles estão fazendo um trabalho preciosíssimo aqui, comigo, em Roraima, no Brasil. Mas e o futuro? Quem dará continuidade? Um dos grandes valores do Centro Cultural Indígena (CCI) que estamos tentando levar por diante, seriaum desses trabalhos para o futuro. Tornar-se-ia um centro muito importante para a formação dos futuros missionários, dos líderes indígenas, dos jovens e crianças da região que teriam um conjunto de atividades ao alcance, para conhecer, apreciar, respeitar e valorizar os povos e as culturas indígenas da região. aqui, em Roraima, ainda temos pelo menos onze povos autóctones diferentes, com línguas diferentes, culturas diferentes, conhecimentos da vida diferentes. Estamos num pequeno pedaço da imensa amazónia, mas um dos pedaços nos quais apesar do sacrifício de vários povos que já não existem, ainda preserva uma parcela importante de outros. O CCI teria várias outras finalidades, entre elas, de suma importância, aquela da preservação das línguas, das culturas, dos valores, das tradições desses povos. Serviria também para ajudar esses povos a tomar consciência dos seus valores e permitir que se sentissem honrados pelas suas origens e seus conhecimentos extraordinários sobre a natureza e sobre a vida. Outra finalidade era ser um centro de referência mundial sobre as culturas da região do Roraima.