«Desça sobre nós a benignidade do Senhor, e prospere o trabalho das nossas mãos», diz-nos o Salmo Responsorial.
«Desça sobre nós a benignidade do Senhor, e prospere o trabalho das nossas mãos», diz-nos o Salmo Responsorial. Recordo que me fez impressão a leitura da história dum certo bilionário do petróleo que, quando morreu, deixou escrito no seu testamento: Morro sem família, sem amigos. Deixo a minha grande fortuna a gente que nem sequer conheço. Que bom se Deus me julgasse mais pelas minhas ações na bolsa do que pelas minhas ações pessoais! Nem sempre, mas muitas vezes as grandes fortunas geram no indivíduo uma certa auto-idolatria, um sentido de superioridade que largas vezes produz interiormente uma solidão atroz. a riqueza é um bem que se deve usar e dela não abusar. abusar da riqueza quer dizer deixar-se usar por ela. É admirável ver indivíduos e famílias, mesmo abastadas, que são capazes de partilhar com os mais necessitados, que ajudam a sociedade a ser mais feliz e realizada. Colecionar haveres, honras e prazeres não traz consigo necessariamente a felicidade. O homem foi feito para viver em sociedade, para partilhar a vida da comunidade humana, as suas alegrias e as suas tristezas. O trilho do egoísmo está cheio de lástima. No evangelho de hoje temos um caso lastimável: alguém que disse ter sempre observado os Mandamentos de Deus, mas que desejava ser e fazer mais. a Jesus pergunta este homem bom: Mestre, que mais devo fazer? Vendo a capacidade de bondade e beleza deste indivíduo, Jesus diz-lhe: Falta-te uma coisa: Vai, vende o que possuis e dá o produto aos pobres. Depois vem e segue-me! Era um convite que apontava para um grande desprendimento e uma possibilidade de tudo e todo se oferecer. Mas não teve este indivíduo coragem de se desprender de tudo porque tinha muitos bens: E foi-se embora entristecido. Não seria errado dizer que é especialmente durante as crises, como a que atualmente atravessamos na nossa terra, que vêm ao de cima as ondas de bem que moram no coração de muita gente, ricos ou pobres de bens terrenos. Sem dúvida que há lugar para mais: andar a protestar a torto e a direito sem sentido algum de caridade, nem mesmo de justiça muitas vezes, não resolve nenhum problema, simplesmente complica mais a situação. E é por meio da Palavra de Deus que se distinguem as intenções e os pensamentos do coração, para citar a segunda leitura da Missa de hoje. E felizes os que são pobres’ em seu coração, pobres ou ricos materialmente que sejam, porque deles é o Reino dos Céus. E com a oração coleta pedimos: Que a vossa graça, Senhor, nos torne cada vez mais atentos à prática das boas obras.