O contributo da Igreja de África para o Concílio Vaticano II foi determinante para a discussão de vários temas
O contributo da Igreja de África para o Concílio Vaticano II foi determinante para a discussão de vários temasNo ano em que se comemora o cinquentenário de uma das iniciativas históricas para a renovação da Igreja, a Fátima Missionária foi aos arquivos e preparou uma série de textos que publica a partir desta edição para dar a conhecer as posições do episcopado africano. O anúncio da convocação do Concílio teve um forte impacto em África. No dia 25 de janeiro de 1959, o Papa João XXIII deu a conhecer o seu projeto de convocar um Concílio. alguns meses depois, confiou a sua preparação a uma comissão que foi incumbida de entrar em contacto com os bispos para obter propostas e temas para debate, a serem inseridos nos documentos de trabalho do encontro. a consulta envolveu 259 bispos de África, dos quais na altura apenas 36 eram africanos. a análise das propostas enviadas permite-nos constatar que a convocação da assembleia foi acolhida com entusiasmo. Pela primeira vez, a África subsariana estaria presente num Concílio e ainda por cima representada por alguns bispos autóctones. Vista a situação do continente e das suas Igrejas locais, um Concílio com características pastorais e ecuménicas era oportuno e representava uma ocasião histórica para a renovação da Igreja. adaptação litúrgicaas propostas do episcopado africano oferecem uma amostra das preocupações sentidas pela Igreja Católica em África naquela altura. Os temas emergentes nas suas propostas foram os seguintes: a adaptação litúrgica, o papel dos leigos na Igreja e a colegialidade episcopal. O tema da adaptação litúrgica foi o que reuniu maior consenso e recolheu maior número de propostas concretas. a adaptação, o respeito pela cultura dos povos a evangelizar e a sua incorporação no cristianismo, foi um tema omnipresente nas propostas feitas pelo episcopado africano. Num contexto de grandes transformações sociopolíticas – estávamos no início da independência de muitos países africanos – sentia-se a necessidade de uma adaptação imediata e o mais ampla possível. Tornava-se por isso urgente despojar o cristianismo do seu revestimento ocidental através de uma efetiva adaptação à realidade africana. a maioria das propostas de adaptação solicitava um maior uso das línguas locais e a introdução de símbolos, gestos e músicas africanas na missa. Estimular a africanizaçãoalém das propostas dos bispos, a Igreja africana preparou-se para o Concílio Vaticano II também através de algumas iniciativas de carácter teológico-pastoral protagonizadas por sacerdotes e leigos africanos empenhados em congressos e publicações. O Concílio era sentido como uma excelente oportunidade para estimular a africanização da Igreja. Concluindo, podemos afirmar que a Igreja Católica em África, através da atividade dos seus pastores e do empenho dos seus fiéis, acolheu com agrado a convocação do encontro eclesial, encarou com redobrado interesse este importante acontecimento e esforçou-se por fazer ouvir as suas propostas, sinal de uma Igreja viva e participativa.