O diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura defendeu esta quinta-feira, em Fátima, um novo comportamento da Igreja no mundo e na sociedade, privilegiando a autenticidade, o encontro e o testemunho
O diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura defendeu esta quinta-feira, em Fátima, um novo comportamento da Igreja no mundo e na sociedade, privilegiando a autenticidade, o encontro e o testemunho Mais testemunho, maior abertura às novas gramáticas dos tempos modernos e muita autenticidade. Estas foram algumas das linhas propostas à Igreja católica, esta quinta-feira, em Fátima, pelos intervenientes no segundo painel das Jornadas Nacionais de Comunicação Social, subordinadas ao tema Silêncios e silenciamentos na comunicação social. Há um desejo de autenticidade, de uma verdade, e é isso que o mundo espera encontrar nos cristãos, afirmou o diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, José Tolentino Mendonça, acrescentando que os cristãos têm que traduzir Deus por miúdos e transmitir aquilo em que acreditam. Neste processo de adaptação aos tempos modernos, a Igreja não pode ficar de fora. Temos que fazer um mea culpa’. Nós interiorizamos a própria indiferença do mundo, porque nos dá jeito, porque nos falta formação, porque apostamos pouco na formação dos cristãos. Em consequência, há fenómenos tão novos, que nos fazem viver numa grande debilidade, adiantou o sacerdote, sublinhando que este é também um tempo de crise para Igreja, que deve ser aproveitado para fazer um balanço. a Igreja precisa de ganhar atitude, frisou. Para Tolentino Mendonça, é preciso explicar que a Igreja é um aliado e não um adversário cultural, que o cristianismo é a alma do mundo, é o responsável por trazer um suplemento de espírito ao mundo. antónio Marujo, jornalista do Público, desafiou a Igreja a assumir o debate em relação a questões como a escolha dos bispos, o celibato no sacerdócio ou a ordenação das mulheres. O redator, especialista em assuntos religiosos, considera que hierarquia católica deve questionar-se sobre aquilo que fala ou aquilo que cala, e em que tempo e lamentou não ter ouvido a Igreja a manifestar-se contra as mudanças laborais e sociais impostas pelo poder político e económico, que sacrificam a harmonia familiar. Gostava de ter ouvido dizer que o trabalho não é tudo, que também temos família, amigos, necessidade de cultivar o espírito, de lazer, de cultura e de passeio, afirmou. O debate contou também com a intervenção de Graça Franco, jornalista da Rádio Renascença, que defendeu a aposta no testemunho como forma da Igreja reforçar a sua voz: Se a Igreja se fizer notícia, se houver testemunho, consegue fazer passar a mensagem. Na abertura das jornadas, que terminam esta sexta-feira, 28 de setembro, no Seminário do Verbo Divino, o presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais disse que o silêncio é uma exigência para preservar a qualidade da comunicação num tempo de pressa mediática. Na aparente incompatibilidade entre silêncio e comunicação esconde-se muito do que esta tem de essencial, referiu Pio Alves.