Para conseguir apoiar mais pessoas, a Comunidade Vida e Paz pondera reduzir a quantidade dos alimentos que oferece aos sem-abrigo, uma vez que os pedidos de ajuda têm vindo a aumentar
Para conseguir apoiar mais pessoas, a Comunidade Vida e Paz pondera reduzir a quantidade dos alimentos que oferece aos sem-abrigo, uma vez que os pedidos de ajuda têm vindo a aumentarPor duas ou três vezes este ano, a Comunidade Vida e Paz reforçou o número de ceias que oferece para responder ao aumento da procura, em Lisboa. atualmente, a organização coloca a hipótese de ter que reduzir um bocadinho a quantidade da ceia para poder multiplicar, disse Henrique Joaquim, presidente da instituição, em declarações à agência Lusa. De acordo com o responsável, têm aparecido muitas pessoas a pedir ajuda que não são sem-abrigo. São mães com filhos, idosos e casais que têm casa, mas que estão a atravessar dificuldades económicas.
Estamos a notar um acréscimo de pessoas a procurar a nossa ajuda que não são os típicos sem-abrigo e que, muitas vezes, nem querem estabelecer uma relação com os voluntários devido a alguma vergonha, disse Henrique Joaquim. São pessoas que ainda têm a sua casa, mas já precisam de apoio e para nós é significativo porque não fazemos distribuição alimentar. aquilo que damos é uma pequena ceia que serve de pretexto para estabelecer uma relação com o sem-abrigo, adiantou. Para Henrique Joaquim, as pessoas que estão na rua há seis meses ou um ano, provavelmente são vítimas da atual situação, mas, refere, o que se constata é que o desemprego não é o único problema, existindo também problemas familiares e de toxicodependência, o que torna a situação ainda mais complexa.
O presidente da Comunidade Vida e Paz sublinhou ainda que nem sempre é possível responder a todos os pedidos. Temos vindo a constatar que, por vezes, as nossas equipas já terminam os seus circuitos, que são quatro todas as noites, cumprindo a missão que é de ir ao encontro das pessoas mas já sem ceia para dar. ao mesmo tempo, a instituição tem sentido dificuldades, uma vez que o apoio que recebe dos particulares, apesar de ser significativo, tem diminuído. Também temos vindo a sentir dificuldades da parte das entidades públicas em continuar a prestar-nos o apoio que prestavam, referiu, acrescentando: estamos com um aumento da procura e uma diminuição de resposta, mas continuamos a fazer a oferta.
Para distribuir alimentos e agasalhos aos sem-abrigo, numa tentativa de criar uma relação de confiança para os ajudar a mudar de vida, todas as noites, mais de 500 voluntários percorrem 96 locais da cidade de Lisboa. Para este trabalho, a Comunidade Vida e Paz, conta com a ajuda dos portugueses e dos financiamentos públicos para as comunidades terapêuticas e de inserção.