“Quem acolher em meu nome uma criança como esta, acolhe-me a mim”, proclama Jesus no evangelho da missa do 25º domingo ocmum
“Quem acolher em meu nome uma criança como esta, acolhe-me a mim”, proclama Jesus no evangelho da missa do 25º domingo ocmum Poderíamos dizer que o evangelho do vigésimo quinto domingo do tempo comum apresenta-nos um jogo entre crianças e adultos, arbitrado pelo Mestre dos adultos e das crianças, Jesus. Deu-se o caso que ao chegar um dia com os apóstolos a Cafarnaum, Jesus reuniu os seus discípulos e perguntou-lhes que discussão tinham tido durante a viagem. Ficaram os discípulos muito caladinhos e envergonhados. Tinham discutido quem dentre eles era o maior. Então Jesus colocou uma criança no meio deles e disse-lhes: Quem acolhe em meu nome uma criança como esta, acolhe-me a mim. Nestas palavras diz Jesus aos apóstolos: O vosso poder consiste em servir, não em dominar.

Esta cena traz água no bico. O que Jesus quer dizer é que quem servir uma criança, presta serviço a Deus e por tal será recompensado. Mas, quem é uma criança? Será alguém que só tem dois ou três anitos de idade? Dificilmente! Criança tem muitas vezes um sentido mais alargado na Palavra de Deus. Vejamos. Uma criança não tem poder sobre os outros, a não ser o poder do amor. Para continuar a viver, uma criança precisa absolutamente do serviço carinhoso dos outros, precisa de atenção. Os adultos têm de servir’ as crianças – é o dever grave deles.
Neste sentido, crianças são os membros dum povo em relação aos adultos’ que são os chefes, os governantes. Crianças são os pobres, os abandonados, os necessitados, os idosos, os doentes, os anónimos da sociedade, os que são vítimas das crises (que, bastas vezes, os adultos’ moldaram). Crianças são os que, sozinhos, não conseguem viver com dignidade a sua vida. Sem servirem’ estas crianças’ não cumprem os adultos’ (os chefes) o seu dever. É trágico ver como às vezes os que estão lá no alto da pirâmide do poder, em vez de se unirem para resolverem as crises o mais depressa possível, se comportam como os garotos também descritos no evangelho, que se acusam uns aos outros dizendo: Tocámos flauta e não dançastes; entoámos cânticos tristes e não chorastes!. Os do cimo da pirâmide do poder estão lá para servir o seu povo, ou para alargarem as franjas dos tachos, das honras, dos benefícios? Bem-aventurados os que estão no cimo da pirâmide e trabalham concretamente para o bem dos que precisam. Foi o que fez o nosso Mestre, Jesus Cristo: Do alto da árvore da cruz reinou o nosso Deus!.

Servir’ a criança’, o pobre, o povo – nisso consiste o verdadeiro reinar. É produzir o bem para o povo que aos governantes é confiado. Se todos cumprirem o seu dever, então teremos todos a alegria de vivermos num reino de verdade e de vida, de santidade e de graça, de justiça, de amor e de paz, como nos ensina o prefácio da Festa de Cristo Rei. Que maravilhas podem produzir a boa vontade e a ação de Deus no coração das crianças’ e dos adultos’ de cada povo! E bem-hajam todos.