Tendo em conta o momento difícil que o país atravessa, os membros do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) consideram que é cada vez mais necessário evitar as «crises políticas» e procurar o consenso social e político
Tendo em conta o momento difícil que o país atravessa, os membros do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) consideram que é cada vez mais necessário evitar as «crises políticas» e procurar o consenso social e políticoNuma democracia adulta, as crises políticas’ deverão ser sempre exceção. Em momentos críticos, podem comprometer soluções e atrasar dinamismos na sua busca. Todos sabemos que, para superar as presentes dificuldades, não existem muitos caminhos de solução.compete aos políticos escolhê-los, estudá-los e apresentá-los com sabedoria, refere uma nota do Conselho Permanente da CEP, emitida esta segunda-feira, após uma reunião em Fátima. O documento passa em análise o momento difícil que Portugal está a atravessar a nível socioeconómico, sublinha que a Igreja é sensível ao sofrimento de todos, independentemente da fé que professam, e que tem respondido, como pode, com a prática ativa de caridade, através das suas instituições de solidariedade social. No entanto, considera fundamental a criação na sociedade de condições para a busca do bem-comum. a superação das legítimas divergências, num alargado consenso nacional, supõe sabedoria e generosidade lúcida, pode ler-se na nota episcopal. No que respeita ao direito ao trabalho, os membros do Conselho Permanente da CEP, entendem que deve ser encarado com meio de realização humana e não apenas como forma de manutenção económica. O desemprego é, certamente, um dos aspetos mais graves desta crise, o que supõe um equilíbrio convergente de vários elementos: criatividade nas empresas, caminhos ousados no financiamento, diálogo social em que pessoas e grupos decidam dar as mãos, apesar das suas diferenças, alertam. Segundo os bispos, a estabilidade política é exigida pela própria natureza da democracia e da responsabilidade dos seus atores; o discurso político tem de respeitar a verdade do dinamismo das situações; o bem da comunidade nacional exige de todos generosidade para não dar prioridade à busca de interesses particulares e a honestidade para renunciar a caminhos pouco dignos de procura desses interesses. Por fim, incitam à renovação cultural, mudança para a qual a Igreja está apostada em contribuir com valores que lhe são próprios: a dignidade da pessoa humana, a solidariedade como vitória sobre os diversos egoísmos, a equidade nas soluções e na distribuição dos sacrifícios e a coragem para aceitar que momentos difíceis podem ser a semente de novas etapas de convivência e de sentido coletivo da vida.