a juventude quer ter a ocasião de ser educada para valores que a ajudem a construir um mundo melhor e provou isso mesmo no 22º acampamento Nacional de Escuteiros (aCaNaC), em Idanha-a-Nova, considera Pedro Zilli, bispo de Bafatá, Guiné-Bissau

a juventude quer ter a ocasião de ser educada para valores que a ajudem a construir um mundo melhor e provou isso mesmo no 22º acampamento Nacional de Escuteiros (aCaNaC), em Idanha-a-Nova, considera Pedro Zilli, bispo de Bafatá, Guiné-Bissau
a beleza do encontro, participado por 17 mil pessoas, entre jovens, adolescentes, crianças e adultos, contraria determinadas situações que estamos a viver ultimamente e que podem levar-nos para o negativo. Um exemplo disso é a atual crise económica que tem levado muita gente à falta de perspetivas. as pessoas andam tristes, outras até tiram a própria vida.comenta-se que vivemos numa espécie de depressão coletiva. E a juventude? alguém disse que os jovens e adolescentes de hoje são mais tolerantes no emitir juízos sobre as decisões e escolhas das pessoas.compreendem mais facilmente tudo! Este é um ponto positivo, pois a tolerância, o não julgar, são grandes valores. São do Evangelho. No entanto, uma pergunta poderia surgir: a juventude não estará, de algum modo perdida, sem referências a valores? Como emitir julgamentos, se não se tem valores referenciais? a vida de um jovem no nosso tempo não é nada fácil. Sigrid Terezinha Campomizzi Calazans, pediatra e voluntária da Comunidade Terapêutica associação Rio de Água Viva (Ipatinga/Minas Gerais, Brasil), que trata de jovens com dependência química, num seu escrito de 2008, dizia que nossos filhos, hoje, andam num rio mais caudaloso, com menos chances de travessia segura, porque o escorregadio terreno das drogas, da violência, do comportamento sexual de risco, da televisão permissiva e erotizada, das informações passadas de maneira imatura e indiscriminada, obrigam os adolescentes e os jovens a dar saltos que antes não dávamos. O 22º acampamento dos escutas de Idanha-a-Nova, vivido em meio a tantas dificuldades do nosso tempo, foi por si só um sinal de esperança e de coragem. Esperança e coragem que renovam a vida. Um sinal de que a juventude quer ter a ocasião de ser educada para valores que ajudem a construir um mundo melhor, onde as pessoas se sintam plenamente realizadas como indivíduos e desempenhem um papel construtivo na sociedade (Da Missão do Escutismo). Foi um sinal de que o futuro está aberto para novas esperanças. Entretanto, para vivermos com convicção esta perspetiva animadora, é preciso que sejamos como os profetas, pessoas ancoradas num estreito relacionamento com Deus. Os profetas viam o mundo e o povo sob a perspetiva divina, e não segundo o ponto de vista humano.como no antigo Testamento, também nos dias de hoje, o Senhor não deixa de suscitar seus profetas. Eles transmitem entusiasmo a quem lhes está vizinho. as pessoas que conviveram mais de perto com o Cardeal emérito de São Paulo, Paulo Evaristo arns, no tempo da ditadura militar, recordam-se com saudade de suas palavras restauradoras: coragem, em frente, de esperança em esperança. Dezassete mil escuteiros reunidos. Não terá sido este mais um sinal de que a alegria vencerá a tristeza, a vida vencerá a morte, que os jovens carregam um tesouro no coração? E o que dizer dos Papas João Paulo II e Bento XVI que, apesar da idade e da saúde, vão encontrando a juventude nas jornadas da juventude? Estes são os profetas de hoje: pessoas de coragem e esperança.