“as vossas palavras, Senhor, são Espírito e vida. Vós tendes palavras de vida eterna”, proclama São Pedro no evangelho da missa do 21º domingo do tempo comum, em resposta à interpelação de Jesus aos seus apóstolos
“as vossas palavras, Senhor, são Espírito e vida. Vós tendes palavras de vida eterna”, proclama São Pedro no evangelho da missa do 21º domingo do tempo comum, em resposta à interpelação de Jesus aos seus apóstolosTambém vós vos quereis ir embora?, pergunta Jesus aos seus apóstolos no evangelho de hoje. O Mestre tinha falado longamente da grande invenção do seu amor para com a humanidade, do milagre da Eucaristia, em que Ele ficaria presente no meio de nós, não só em espírito mas mesmo corporalmente, para nosso alimento. Querer Cristo ficar no meio de nós corporalmente é o sinal máximo do seu amor por nós, pois quanto maior é o amor do amante, maior é o seu desejo de ficar com a pessoa amada. Habituados a uma vida bastante materialista, os ouvintes da afirmação do Senhor sobre a necessidade de comer a sua carne e beber o seu sangue para terem a vida eterna, sentiram-se escandalizados. Tristemente, o mesmo se repete nos nossos dias.

Talvez que um dos nossos problemas seja o facto que o nosso amor, a nossa amizade, o nosso interesse dispara em múltiplas direções, pois possuimos, vemos, contatamos tantas pessoas e tantas coisas. Por isso, somos por vezes incapazes de centrar o nosso interesse, a nossa amizade, o nosso amor em Jesus Cristo que nos amou e de amor por nós se perdeu (cf. Gálatas 2,20). O discurso de Jesus sobre a Eucaristia é a grande pérola do seu amor pela humanidade. Revelou-a em Cafarnaúm, mas a maior parte da gente de então não aceitou esta promessa do amor-doação-total de Cristo. Feita esta grande revelação, Jesus parte da Galileia e, pouco a pouco, vai-se dirgindo para Jerusalém: lá comerá a Ceia pascal durante a qual realizará a promessa de Cafarnaúm, a instituição da Eucaristia. Faltava ainda a assinatura neste testamento eucarístico da nova e eterna aliança: o seu sangue, derramado na flagelação, na coroação de espinhos, no caminho para o calvário e na cruz. Diria Paulo mais tarde: Praticamente tudo é purificado com o sangue, e sem derramamento de sangue não há remissão dos pecados (Hebreus, 9,22).

Lançada aos apóstolos, em Cafarnaúm, a pergunta de Cristo é-nos dirigida a nós: Também vós quereis abandonar-me? Simão Pedro respondeu por nós naquele momento trágico das relações Messias-povo de Deus: Senhor, a quem iríamos nós? Tu é que tens palavras de vida eterna! Nós acreditámos e sabemos que tu és o Santo de Deus! (João 6, 67-69). a todos nós Cristo faz a pergunta final que fez a Pedro depois da ressurreição: Pedro, amas-me, tu?. a resposta toca a cada um de nós dá-la, como Pedro: Senhor, Tu sabes tudo. Tu sabes bem que eu te amo! (João 21, 17).