a obtenção de riqueza foi outrora o que motivou a emigração. Hoje, emigra-se por necessidade. Quando os governantes de um país sugerem ou procuram facilitar a saída para o estrangeiro, isso apenas revela ineficácia na gestão dos recursos
a obtenção de riqueza foi outrora o que motivou a emigração. Hoje, emigra-se por necessidade. Quando os governantes de um país sugerem ou procuram facilitar a saída para o estrangeiro, isso apenas revela ineficácia na gestão dos recursos a emigração não é um fenómeno novo. Pelo contrário! Outrora partiam para outros países os aventureiros na procura de fama ou riqueza, especialmente na era pós-descobrimentos, mais por vontade própria de que pela falta de condições económicas. atualmente assistimos a ondas de emigração de e para todo o mundo, especialmente dos naturais dos países mais pobres e, neste número, há povos de todos os Continentes. Em Portugal é conhecido o negro período da época de 1960/70, com centenas de milhares de portugueses que partiram (muitos em condições indescritíveis, como se dizia de assalto) para França. Uns fugiram das más condições económicas, outros da guerra das colónias.

O movimento migratório teve quatro períodos mais acentuados em Portugal. Entre 1965/70, com a vinda de grande quantidade de naturais de Cabo Verde; em 1974 com a chegada dos retornados das colónias portuguesas; nos fins da década de 80 com cidadãos oriundos do Brasil, China e India; em finais da década de 90 uma nova onda da Europa de Leste (Ucrânia, Moldávia e Roménia) e ainda do Brasil. Destes migrantes há que destacar os denominados retornados, que trazendo consigo uma cultura mais aberta, receberam os apoios capazes para uma integração e desenvolvimento na sociedade portuguesa. Também os cidadãos provenientes de Leste e Brasil vieram dar perspetivas e valores diferentes graças à sua qualidade académica, apesar de não receberem de acordo com a formação que possuíam.

Toda esta situação interior e exterior da emigração alterou sensivelmente a partir de 2005/6 com a deterioração do mercado de trabalho em Portugal, o que levou a novo fluxo emigratório não só dos portugueses como dos estrangeiros a trabalhar no nosso país. a despesa pública, desmedida e incontrolável, assim como a falta de desenvolvimento económico que se verificou durante o mandato do governo de José Sócrates (2005-2011), agudizaram a situação. Os portugueses estão entre aqueles que mais emigram para países da União Europeia. Em 2009, o Eurostat divulgava que Portugal tinha mais de um milhão de emigrantes nos países da Comunidade, então já a 27 membros. O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, avançou em Dezembro de 2011 que emigraram durante esse ano entre 100 a 120 mil portugueses e apesar de afirmar que não havia dados concretos, admitiu que as saídas continuam a aumentar. Os destinos são diversos, com preferência para a Suíça, angola e Brasil. É o próprio Secretário de Estado que confirma: Esta é uma tendência dos últimos anos. a onda de emigração dura há quatro, cinco ou seis anos.
Eça de Queiroz diz em as Farpas: Em Portugal a emigração não é, como em toda a parte, a transbordação de uma população que sobra; mas a fuga de uma população que sofre. É a verdade nua na sua crueldade realística. O problema actual da emigração tem que ser encarado com seriedade pelos responsáveis do Governo. a emigração é cada vez mais qualificada, começando em faixas etárias mais novas e estendendo-se até idades mais avançadas, entre os 40 e os 50 anos. Quando vejo emigrar jovens com grande preparação académica e científica, claro que fico preocupado, confessa o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, que considera que o país está a perder massa cinzenta, reduzindo internamente a capacidade das empresas nos movimentos de crescimento e de internacionalização. Não basta constatar a realidade, é preciso encontrar soluções de forma a criar condições para fixar estes portugueses, através de políticas de natureza económica, como incentivos à criação de emprego e empresas.