Nos tempos que correm fazer férias é um luxo, embora também dependa da escolha. Para o cristão elas apenas têm sentido desde que o Espírito de solidariedade para com os outros se mantenha dia após dia
Nos tempos que correm fazer férias é um luxo, embora também dependa da escolha. Para o cristão elas apenas têm sentido desde que o Espírito de solidariedade para com os outros se mantenha dia após dia a reflexão que proponho é séria e deve merecer a atenção de cada um de nós. Felizmente que ainda há boa parte dos portugueses que podem gozar férias das suas atividades, logo é bom pois equivale a dizer que têm ocupação profissional, algo que mais de um milhão de portugueses não possui. No entanto, o facto de sermos privilegiados não nos dá o direito de não pensarmos primeiro naqueles que não as têm, sobretudo devido a motivos de falta de recursos e, depois, nos outros que nunca as podem tirar, por que nem sequer têm o necessário para o seu sustento e dos seus.

O ser cristão acarreta uma enorme responsabilidade perante a sociedade em que vivemos, uma sociedade cujos valores estão invertidos. O mesmo é dizer, que a sociedade se rege por caminhos em nada coincidentes com o ideal do seguidor de Cristo. Logo é nosso dever usar o bem que recebemos para partilhar com os outros, independentemente da sua condição e cultura. Para onde quer que vamos, a solidariedade e o amor devem acompanhar-nos. Vede como eles se amam, diziam as pessoas entre elas ao ver a forma como os discípulos de Cristo viviam o seu dia-a-dia.

É com este sentido que devemos partir, ou não, começando por escolher criteriosamente e, sobretudo, com bom senso, o que fazer no período de descanso que porventura possamos usufruir. as pessoas que, diariamente, exercem a mesma rotina de trabalho estão sujeitas a mais saturação, maior cansaço, e é justo que exerçam o direito (de que o próprio organismo carece) de mudar de ares, tal como se exprimia um amigo de longa data. É necessário fazer férias saudáveis, renovando as forças do corpo e do espírito, para a continuidade dos nossos afazeres, sejam quais forem.

as férias representam para muitos – pessoas ou famílias – aqueles momentos que consideramos de privacidade (salvo as exceções de outros que aproveitam esse período para exibir a sua riqueza, mesmo sabendo que tal provoca mau estar e até escândalo, sobretudo naqueles que nada têm). Contudo, a privacidade já não existe. Tudo (ou quase tudo) se sabe, tudo se vê e será bom que os outros vejam em nós um exemplo que emana do interior. Será que nos sentimos de consciência tranquila enquanto gozamos as nossas férias sabendo que outros continuam sem pão para comer, roupa para vestir, casa para os abrigar?

a resposta é simples, mas cabe a cada um de nós dá-la, ou antes, demonstrar que um cristão nunca está de férias, quando falamos nas necessidades daqueles que nos rodeiam. O exemplo é simultaneamente a maior virtude e a imagem mais negra da vida das pessoas. Os cristãos não fogem à regra. Daí eu ter mencionado que é preciso ser criterioso e ter bom senso, fazer o que desejamos, mas com o menor gasto possível. Se assim fizermos, quem sabe se não sobejará qualquer coisa que nos permita aliviar a dureza diária de tantos que nada têm e que estão mesmo ao virar da esquina?