Segundo o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, o voluntariado nos bombeiros vai continuar a ser a trave mestra do socorro. apesar de alguma profissionalização do setor, a crise veio refrear esta tendência
Segundo o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, o voluntariado nos bombeiros vai continuar a ser a trave mestra do socorro. apesar de alguma profissionalização do setor, a crise veio refrear esta tendênciaEm defesa da sua tese, o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), Jaime Soares, que já dedicou meio século aos bombeiros e é o mais antigo presidente de câmara em atividade, apresenta um argumento que faz todo o sentido em tempos de crise. a profissionalização total do bombeiros exigiria 400 milhões de euros/ano. Este custo implicaria a opção por uma estrutura minimalista, que sacrificaria a proximidade do serviço, explicou à agência Lusa.

andré Couto, da autoridade Nacional de Proteção Civil, concorda e sublinha que Portugal só tem a ganhar se a rede voluntária de bombeiros puder ser preservada e até reforçada. Este responsável acredita que é isso mesmo que vai acontecer, independentemente de alguma profissionalização no socorro. Mesmo as exigências crescentes que se põem aos voluntários, em termos de formação, de disponibilidade física, psicológica e até do número de horas dedicadas ao serviço operacional também não limitarão o desenvolver do voluntariado.

É preciso reconhecer que os bombeiros voluntários perderam algum protagonismo numa estrutura de socorro que se profissionalizou parcialmente, com a criação do INEM, na emergência pré-hospitalar, e de equipas da GNR e de sapadores florestais (canarinhos) no combate aos incêndios. a crise veio refrear esta tendência de profissionalização, levando a alguns despedimentos e fazendo com que os próprios corpos de bombeiros voluntários se fossem convertendo em estruturas mistas. Uns oito por cento dos seus colaboradores recebem uma retribuição, ainda que pouco expressiva e/ou sazonal, por trabalho de secretaria, colaboração no transporte de doentes ou participação nas equipas de primeira intervenção em incêndios.

as estatísticas mais recentes indicam que 32. 472 das 61. 242 pessoas com o estatuto de bombeiro voluntário não integram o corpo ativo ou o comando das corporações, beneficiando, ainda assim, de algumas regalias sociais. Numa alusão a pessoas que terão aderido à causa dos bombeiros supostamente em busca de vantagens pessoais, pecuniárias ou de outras, o presidente da LBP observa que no melhor pano, cai a nódoa e contrapõe que estes casos são inexpressivos, nunca podendo ser lidos como sinal de uma suposta crise do voluntariado nas corporações ou como evidência de uma espécie de voluntariado faz-de-conta.