O Centro de Emprego divulgou, esta semana, que havia 8. 316 casais desempregados em junho, o que representa mais 400, em relação ao mês anterior. Contas feitas, regista-se um aumento a um ritmo mensal de 5%
O Centro de Emprego divulgou, esta semana, que havia 8. 316 casais desempregados em junho, o que representa mais 400, em relação ao mês anterior. Contas feitas, regista-se um aumento a um ritmo mensal de 5%Os números divulgados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) referem-se unicamente àqueles que estão inscritos. É desconhecido o número exato de famílias atingidas pelo desemprego.como é evidente, é muito elevada a quantidade de agregados familiares nessa situação, pois muitos não recorrem ao IEFP, ou então já cessou o apoio que recebiam. Para aqueles que estão inscritos e têm filhos menores a cargo, há um benefício majorativo de 10% no valor do subsídio de desemprego, o que certamente constitui uma pequena, mas significativa ajuda.

No universo de mais de um milhão de desempregados em Portugal, todos nos devem preocupar. Mas há dois setores que devem fazer refletir seriamente: os mais jovens e as famílias. Especialmente as famílias, dado o seu conjunto e problemas específicos com que se debatem. Quando um dos elementos de uma família não tem emprego, o outro eventualmente pode ter e assim minorar um pouco o problema. Mas quando nenhum deles obtém rendimentos, é grave, podendo mesmo levar a becos sem saída. Nestas condições o Estado tem obrigação de ajudar a encontrar soluções, pois não pode haver Estado sem famílias e não deveria haver famílias que não pudessem contar com o Estado.

a situação atual do país é consequência da má gestão de governantes e políticos ao longo de mais de duas décadas, no mínimo, embora os últimos quinze anos tenham sido arrasadores. a adesão de Portugal á Comunidade Económica Europeia, apesar de não ter tido o aval do povo português (ninguém lhe perguntou, através de referendo ou outro meio) e ter mandado a democracia às urtigas, poderia e deveria ter sido melhor aproveitada. após a adesão à União Europeia os governantes portugueses receberam toneladas de dinheiro em ajudas financeiras para desenvolver o país, mas parece que a organização dos setores onde deveriam ser aplicados foi incorreta, raiando mesmo a irresponsabilidade, para além do compadrio.

Devido à má distribuição (ou talvez por isso) dos fundos europeus houve pessoas, empresas e até sindicatos que beneficiaram imoralmente, havendo mesmo muito boa gente que enriqueceu. Mas para tal ter acontecido, houve milhões de outros que foram prejudicados, porque a crise que atravessamos não começou no exterior, nem sequer recentemente. Quando a riqueza é mal dividida quem paga é sempre o mais pobre, com a agravante de que não houve o cuidado de aplicar esses dinheiros em áreas que permitissem o desenvolvimento e consolidação económica do país. Se a justiça funcionasse em Portugal já teríamos muitos ex-governantes, políticos e financeiros a prestarem contas ao povo português. Parece que nunca há culpados, porque todo o poder, seja económico ou político, corrompe até o mais puro dos cidadãos.

Mas o lamento da situação não resolve os problemas das famílias e dos cidadãos. É preciso bom senso por parte de quem governa para minorar a gravidade do problema, pois não podem ser só as Instituições de Solidariedade Social, da Igreja ou não, que movimentam pessoas e vontades, e dessa forma conseguem, com grande sacrifício e mérito, acorrer àqueles que mais precisam. a Igreja, através dos seus membros e instituições, está a dar o exemplo, mas precisa de ser ainda mais ativa e influente junto das pessoas, para que se crie uma verdadeira solidariedade social, mesmo sabendo-se que está a tapar buracos que o próprio Estado cavou. as pessoas não têm culpa da situação para que foram atiradas, precisam de todo o nosso apoio e o dever exige a nossa ação.