Cónego Luís Manuel Silva, do Patriarcado de Lisboa, critica a forma básica como se fazem algumas das celebrações eucarísticas. Pede que se acabe com a música pimba nas igrejas e apela a uma maior fidelidade às normas litúrgicas
Cónego Luís Manuel Silva, do Patriarcado de Lisboa, critica a forma básica como se fazem algumas das celebrações eucarísticas. Pede que se acabe com a música pimba nas igrejas e apela a uma maior fidelidade às normas litúrgicasas nossas celebrações, muitas vezes, parecem uma patuscada de amigos. Gostamos, sentimo-nos bem, mas o que cantamos, a maneira como rezamos, parece uma coisa basista. Estamos ali como podíamos estar noutro lado, afirmou o cónego Luís Manuel da Silva, na segunda conferência integrada no 38º Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica, que está a decorrer em Fátima. Numa comunicação dedicada à Eucaristia, fonte de epifania de comunhão, o sacerdote, que é também professor de liturgia na Universidade Católica Portuguesa, abordou três pontos essenciais: o que é celebrado, como é que a eucaristia é epifania e fonte de comunhão e que meios favorecem a celebração, para que seja fonte de epifania de comunhão. Não nos esqueçamos que nunca celebramos a eucaristia se não o fizermos em comunhão com toda a Igreja. a Igreja peregrina na Terra e a Igreja que se encontra na Glória.comunidade que não estiver em comunhão com a Igreja peregrina na Terra, começando pela hierarquia, é uma comunidade que não tem direito a celebrar a eucaristia, disse o especialista em liturgia. Segundo Luís Manuel Silva, a eucaristia não se compadece com protagonismos fáceis, mais próximos de compensações afetivas, do que com a celebração do mistério em comunhão com toda a Igreja. O ambão e o altar não são o púlpito nem o areópago para proganismos fáceis, seja de quem preside, seja de quem exerce qualquer ministério. Na celebração tem que estar o Cristo total, referiu o sacerdote, pedindo fidelidade às normas litúrgicas, como prova de amor à Igreja e recusa das compensações momentâneas, fáceis e muitas vezes estapafúrdias. O conhecimento e respeito pelos livros litúrgicos e a riqueza teológica e pastoral neles contidas foram outros dos aspetos abordados pelo orador. Nunca nos esqueçamos: a Igreja põe nas nossas mãos, nos livros liturgicos, a sua sabedoria de séculos. Põe nas nossas mãos o que é a súmula de muitos povos, de muitas culturas, mas todas a viver o mesmo mistério. Para sermos inovadores temos que conhecer muito bem e viver as tradições, sublinhou. No que se refere ao canto litúrgico, Luís Manuel Silva manifestou-se ainda mais crítico: Já é tempo de sermos mais exigentes nas nossas celebrações. Tirar a música pimba das nossas igrejas, textos pobres, melodias ainda piores, coisas que só procuram uma eficácia quase irritante e desesperante, e que ao limite não ajudam nem a celebrar nem a manifestar o que celebramos. a terminar a intervenção, de mais de uma hora, o sacerdote recordou que o silêncio faz parte da eucaristia. Não tenhamos medo do silêncio na celebração. Porque tem estatuto próprio. Não é a ausência de palavra, ou de som, ou de gesto, mas é ele próprio, no que Deus nos quer dizer no silêncio e pelo silêncio. as celebrações para respirarem, para serem verdadeiras epifanias do mistério celebrado, precisam de saber coordenar bem e harmonicamente a palavra, o silêncio e o canto, concluiu.