Desde o ano de 2000 que a tendência de descida da natalidade se mantém de forma consistente. O nosso país é o segundo com o nível mundial mais baixo no que respeita a nascimentos
Desde o ano de 2000 que a tendência de descida da natalidade se mantém de forma consistente. O nosso país é o segundo com o nível mundial mais baixo no que respeita a nascimentos a notícia é desta semana. No primeiro semestre do ano registaram-se em Portugal menos quatro mil nascimentos em comparação com o ano anterior. Os dados provisórios são baseados no teste do pezinho. Se a tendência se mantiver, no final do ano, terão nascido menos oito mil bebés que no ano anterior e, no fim deste ano os nascimentos não chegarão aos 90 mil. Já o ano de 2011 foi o pior quanto ao número de nascimentos, em Portugal, desde que se faz esse registo. Pela segunda vez, o número de nascimentos no país ficou abaixo dos 100 mil. Tanto as associações de família como os demógrafos avaliam a situação em termos pessimistas, mas reais, chegando a considerar alarmante e com baixos indícios de recuperação.com a esperança de vida a aumentar, os nascimentos a diminuir, grande parte dos jovens a emigrar e os imigrantes em Portugal a sairem também, as esperanças deste povo começam a descer assustadoramente. Se encaramos friamente estes factos facilmente concluiremos que o nosso país está ameaçado quanto à sua vitalidade geográfica, tornando cada mais difícil uma possível recuperação económica para as próximas décadas. a Confederação Nacional das associações de Família afirma que o aumento geral do custo de vida, a redução dos apoios sociais e a diminuição das deduções fiscais justificam esta tendência. Contudo, os problemas não se resumem apenas a isso. a sociedade portuguesa não está organizada para que as famílias se formem e tenham filhos. Pelo contrário, há a tendência de encarar o indivíduo enquanto tal e não há políticas adequadas à proteção familiar efetiva. Mais ainda, trata-se também de um problema cultural expresso no desejo das pessoas em terem uma vida mais cómoda para si e para os seus. É verdade que a emancipação da mulher e a conquista de direitos que obtiveram, pesam em várias vertentes, sobretudo na forma de redistribuição de responsabilidades. a mulher ambiciona, e bem, ter a sua carreira profissional, procurando a independência económica. Portanto o desejo de formar família surge mais tarde e o de ter filhos fica dependente das condições conseguidas ou não. E é aqui que entroncam a grande parte dos problemas sociais. a falta de tempo para dedicar à família, a ausência de uma rede de créches à altura, os baixos subsídios, ou mesmo a sua falta, tudo isso contribui para a baixa natalidade no nosso país. O acentuar da crise económica e da política de austeridade também leva os portugueses a pensarem duas vezes antes de se decidirem a trazer uma nova vida ao mundo. Como atacar o problema? Ora aqui está uma pergunta, que a maior parte dos portugueses gostaria de ver respondida. Na realidade, não há soluções milagrosas para quem não trabalha para o conseguir. Outrora havia famílias numerosas, muitas de parcos recursos, mas a verdade é que a maior parte dos pais, não tendo a cultura e condições desta geração de jovens, fizeram enormes sacrifícios para que hoje os filhos tenham estudos e condições para vencer na vida. a resposta à pergunta deverá ser dada em primeiro lugar por todos aqueles que beneficiaram do sacrifício dos seus pais e do país. E sigam na prática o seu exemplo. Se cada um deixar de se lamentar – a geração atual é das mais bem formadas, com muita gente com cursos superiores – e for à luta, certamente que vão encontrar um caminho pessoal – e em consequência, coletivo – para uma vida menos dura e um futuro mais promissor.