Tolentino Mendonça, padre e poeta, afirmou que a poesia de Daniel Faria revela Deus e a humanidade, em entrevista ao programa Câmara Clara. “Daniel Faria traz uma poesia ainda com o sopro divino e, ao mesmo tempo, extraordinariamente humana”
Tolentino Mendonça, padre e poeta, afirmou que a poesia de Daniel Faria revela Deus e a humanidade, em entrevista ao programa Câmara Clara. “Daniel Faria traz uma poesia ainda com o sopro divino e, ao mesmo tempo, extraordinariamente humana”O diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura sublinhou que a poesia de Daniel Faria é próxima do corpo, do desejo, da descoberta do mundo, mas também do grande combate da fé e do conhecimento de si. O poeta que, em 1999, morreu aos 28 anos, quando estava prestes a concluir o noviciado no Mosteiro Beneditino de Singeverga, oferece à poesia, de uma forma muito densa, toda uma tradição e um património são raros na literatura portuguesa, pode ler-se no site do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

as palavras de Daniel Faria transmitem uma aspiração espiritual que em outras épocas foi muito marcante, instaurando uma novidade na poética atual, que, de certa forma, se confunde mais com o mundo, o real e o quotidiano, notou Tolentino Mendonça.

É uma das aventuras poéticas mais radicais e luminosas que o século XX inscreveu na literatura portuguesa, observou o padre Tolentino Mendonça, num apontamento dedicado ao volume com a poesia reunida de Daniel Faria, recentemente lançado pela assírio & alvim.

Do Livro das Meditações 2

Portanto farei uma escada no coração. E pelos degraus subirei da minha casa até bater com o pensamento no altíssimo. apagarei os passos e o cérebro como um rasto no deserto Sempre atento como a águia quando fixa o sol Sem pestanejar. Farei portanto a escada no deserto para fixar a luz. Da minha casa subirei sem palavras Em silêncio, portanto, pisando o coração.

Daniel Faria