Nas escolas é tempo de exames. Para muitos será um trabalho árduo e longo, que só terminará em setembro, quando os alunos do 12º ano entrarem na faculdade e outros entrarem em nova fase das suas vidas escolares
Nas escolas é tempo de exames. Para muitos será um trabalho árduo e longo, que só terminará em setembro, quando os alunos do 12º ano entrarem na faculdade e outros entrarem em nova fase das suas vidas escolaresMilhares de alunos, desde os do primeiro ciclo, passando pelos do segundo e terceiro até ao secundário, farão os mais diversos tipos de provas e testes. É, por isso, um tempo de sobressalto, de grande ânsia para todos. Os alunos sentem uma enorme pressão, não só a partir das suas expectativas mais genuínas, mas também da comunidade envolvente, a partir da qual criam, em parte, a sua imagem social. Obviamente, cada um tem as suas reações específicas: existe gente que leva a peito a sua tarefa, outros que nem tanto. Todavia, pelo ambiente que se cria quase de forma involuntária, forma-se um sentimento comum a todos: é um tempo em que as pessoas se medem e são medidas, e em que as pessoas projetam a sua vida para além do dia a dia. a escola e o tempo de exames, em particular, são o primeiro momento em que as escolhas se começam a materializar e as competências, como agora se diz, são peneiradas. Tempo em que se começa a responder à grande pergunta da vida: O que é que vou fazer? Como é que vai ser a minha vida? Ou, para os mais pequenos, quando for grande vou ser Existe sempre aquele miúdo que, depois de tirar negativa no exame de Matemática, exclama alto e bom som: Sempre disse ao meu pai que quando for grande nunca irei fazer contas!. Começa aqui a questão decisiva que tem de se enfrentar: a da evidência das escolhas e dos critérios que orientam a vida de cada um. a partir de quê se faz a escolha? Onde está o ponto de decisão? Existem crianças de 12 e 13 anos que dizem que não farão o curso X porque não dá dinheiro; outras que o curso Y não serve para nada, porque vão todos para o desemprego Falamos de alunos que estão a começar o terceiro ciclo. Está a perder-se o que de mais belo se constrói desde a mais tenra idade: a liberdade de afirmar o cultivo por um gosto. a grande afirmação de qualquer projeto pedagógico é afirmar um gosto, cultivá-lo e dar-lhe horizontes de sentidos. a isso chama-se vocação: construir o sujeito na liberdade das suas escolhas e ajudá-lo a maturar nas suas decisões. Hoje perdemos completamente esta dinâmica – a escola e, por consequência, o mundo do trabalho organizam-se em função de projetos que não coincidem com as afirmações das vidas pessoais. Os gostos, a raiz de cada projeto vocacional, necessitam de tempo, de muito tempo para florescerem e afirmarem-se. Um dia destes, um aluno do 12º ano, um dos mais afoitos e perspicazes, disse que nunca tinha ouvido falar em vocação. O nosso tempo está a ignorar um dos elementos centrais da vida humana: o homem só se realiza porque realiza a sua vocação. Será que a grande crise, a económica, a dos resgates, a do desemprego e da descrença não começa aqui?Bons exames, a quem tem de os fazer!