Começa com uma barca e termina com uma prancha de bodyboard. a mostra missionária patente na cripta da Igreja da Santíssima Trindade, no Santuário de Fátima, dá a conhecer alguns dos principais rostos da evangelização cristã
Começa com uma barca e termina com uma prancha de bodyboard. a mostra missionária patente na cripta da Igreja da Santíssima Trindade, no Santuário de Fátima, dá a conhecer alguns dos principais rostos da evangelização cristãÉ uma forma esteticamente bem conseguida, de envolver as pessoas para um trabalho que hoje é fundamental, que é essa capacidade de transmitir com entusiasmo – como tantos fizeram ao longo da história – aquilo que nos vai na alma. Vemos que há muitos papéis, muitas folhas e muitos documentos, mas não há fecundidade espiritual na Igreja atual, isto é, não há novos cristãos, porque não há espírito missionário, resume Carlos azevedo, delegado do Conselho Pontifício para a Cultura. Para o bispo, que acompanhou o cardeal Gianfranco Ravasi nas celebrações do 13 de maio e na inauguração da exposição, a nova evangelização de que tanto tem falado o Papa Bento XVI, exige a descoberta de novas linguagens. E pede novas formas de agitação de consciências, sobretudo as de quem está parado ou indiferente, para que se abram horizontes de esperança num momento tão difícil para a humanidade. Esta mostra é uma forma bela de inquietar e pôr-nos em questão sobre o sentido profundo da vida. De facto, tudo foi pensado ao pormenor. Desde o grafismo moderno e apelativo, criado por anna Kudelska, ao fio condutor pleno de mensagem e intencionalidade, posto em prática pelo comissário e diretor do Museu do Santuário de Fátima, Marco Daniel Duarte. Inspirada num texto do antigo testamento, a exposição é constituída por quatro núcleos. O primeiro, dedicado à teologia, apresenta o Deus missionário e a ação trinitária da Igreja. O segundo transporta-nos para uma praça povoada de missionários de todas as épocas e geografias.com uma particularidade. as imagens estão colocadas à altura do visitante, para provocar um frente a frente imaginário e sugerir o contacto’ olhos nos olhos, com os míticos evangelizadores. Para reforçar esta interpelação, foi acrescentado outro detalhe. Colocámos espelhos à altura do rosto, o que leva o visitante a assumir-se também como o rosto da missão, e à altura dos pés, para que o visitante perceba que é também os pés dos missionários, explica Marco Daniel. No terceiro núcleo, é possível assistir a um documentário produzido a partir de imagens recolhidas no terreno, junto das missões. E só depois da visualização de exemplos do trabalho missionário, na conversão e no ensino, na doença e espiritualidade, o visitador é orientado para um espaço que recria o ambiente batismal e mariano, que o convida a entrar na grande aventura que é a proclamação da Boa Nova junto de todos os povos e culturas. Daí, a colocação da famosa pergunta de Nossa Senhora de Fátima aos três pastorinhos – Quereis oferecer-vos a Deus? – no painel final da exposição, onde está desenhada também uma prancha de bodyboard, como que a simbolizaro espírito aventureiro da missão e a necessidade de modernizar a ação missionária da Igreja. Vivemos um tempo em que é necessária radicalidade, porque só uma experiência que tenha raiz profunda é que pode ser transmitida aos outros. E o trabalho missionário é fundamental. Temos que conhecer as línguas e as linguagens do nosso tempo, para podermos comunicar. Porque se falarmos uma linguagem que passa para o nosso corpo, que passa para a nossa vida, também toca o coração dos outros. Porém, se a mensagem for abstrata, ou moralista, cansa as pessoas e não as liberta, adianta Carlos azevedo.com as barcas e as redes a desempenharem um papel central na imagem da exposição, espera-se chegar ao fim da iniciativa (31 de outubro) com novos navegadores’ da Palavra e pescadores’ de almas na família missionária?O Espírito Santo é que é o promotor da missão. Mas espero que sim, não só através de vocações para os institutos, mas também para todo o projeto missionário da Igreja, responde alberto Silva, missionário comboniano e presidente dos Institutos Missionários ad Gentes (IMaG), uma das entidades que organizou o evento, em parceria com o Santuário de Fátima.com entrada livre, todos os dias, das 09h00 às 19h00, esta mostra pretende proporcionar uma viagem com dois sentidos. À ida, o cristão é chamado a absorver a história e dimensão teológica da missão. No regresso, é convocado a alargar o espaço da sua tenda e a responder positivamente aos novos desafios da Igreja missionária.