Não se pode dizer que tenha sido uma verdadeira surpresa a decisão, tomada a 16 de abril, pelo senado argentino, de nacionalizar a empresa petrolí­fera YPF (Yacimientos petrolí­feros Fiscales), controlada em 51 por cento pela espanhola Repsol
Não se pode dizer que tenha sido uma verdadeira surpresa a decisão, tomada a 16 de abril, pelo senado argentino, de nacionalizar a empresa petrolí­fera YPF (Yacimientos petrolí­feros Fiscales), controlada em 51 por cento pela espanhola RepsolDesde janeiro que o valor de mercado da Repsol perdeu cerca de 9. 000 milhões de euros, altura em que, pela primeira vez, Buenos aires deixou escapar a ideia de que a decisão agora tomada poderia estar entre as novas medidas protecionistas a adotar pela presidente Cristina Kirchener, reeleita para o cargo, em outubro do ano passado. Primeiro, foi a nacionalização das linhas aéreas da argentina; seguiu-se a dos fundos de pensão privados; a alteração dos estatutos de independência do Banco Central de modo a permitir o acesso do Governo às suas reservas para financiar as políticas nacionais; o levantamento de barreiras à importação e, agora, o controlo da YPF. Sendo considerada uma das companhias de referência na história nacional, a decisão de nacionalizá-la recebeu um grande apoio político – conseguindo unir mesmo vários setores da oposição – e popular.com efeito, a YFP é a primeira empresa estatal do mundo na área da exploração petrolífera e surge como uma das marcas-bandeira que se confunde com os ideários da afirmação nacional – nomeadamente no que toca à independência energética. Um dos motivos que conduziu à nacionalização teve por base a acusação de que a Repsol não estava a efetuar os investimentos necessários para manter os níveis de exploração de petróleo e gás, obrigando o país a importar petróleo e fazendo subir os preços dos combustíveis. Mas as medidas agora anunciadas por Cristina Kirchener não estão isentas de suspeitas de populismo, num contexto de crise económica mundial cujas consequências se fazem sentir na argentina: a inflação está em crescendo, o crescimento previsto para este ano poderá baixar para os 4 por cento, contra os 8,9 registados no ano passado, e as despesas do Estado têm aumentado atingindo, em 2011, um recorde de 38 por cento. Receios nos países vizinhos a iniciativa de Buenos aires está a preocupar os vizinhos. Há editoriais que acusam a argentina de ceder mais facilmente ao seu nacionalismo do que à racionalidade económica. a preocupação atinge de modo particular os países da região em que a Repsol tem importantes interesses ou que estão dependentes do investimento externo. É o caso do México, Bolívia, Colômbia e Chile, entre outros. a primeira crítica é que a nacionalização da YPF representa um rude golpe para a Repsol que, graças à participação na petrolífera argentina, era considerada uma das maiores mundiais do setor. a sua fragilização vai ter consequências nos investimentos da empresa espanhola noutros países latino-americanos. Para além disso, o controlo da YFP pelo Estado argentino, considerado de maior vulto do que toda a política de nacionalizações de Hugo Chavez, na Venezuela, pode criar um clima de desconfiança dos investidores internacionais. E isso não são boas notícias, numa altura em que os recursos financeiros não abundam.