Se o poder é exercido pelos partidos, logo são estes que o detêm. a forma como o utilizam é que pode ser louvada ou contestada. Mas, pela sua seriedade e qualidade, ou não, todas as pessoas são afetadas
Se o poder é exercido pelos partidos, logo são estes que o detêm. a forma como o utilizam é que pode ser louvada ou contestada. Mas, pela sua seriedade e qualidade, ou não, todas as pessoas são afetadas Olhando com atenção para o tipo de noticiário com que somos bombardeados diariamente, verificamos que na atualidade a preocupação principal é a chamada crise económica que o país atravessa. Cada estação televisiva, de rádio ou jornal, apresentam os temas que entendem ser mais apelativos ao grande público, de molde a tirarem o proveito económico adequado. É uma forma de sobrevivência, mas também de poder, onde tantas vezes as verdades passam ao lado. Estes meios de comunicação social limitam-se a fazer política. a sua política, entendamo-nos.

O preâmbulo serviu para introduzir o tema que pretendemos tratar, portanto vamos ao que interessa: a nossa democracia. a semana passada ao lermos o diário de maior tiragem no país, deparamos com um artigo de opinião do seu diretor, Octávio Ribeiro, que nos deixou agradavelmente surpreendidos pela positiva. Democracia morre no parlamento não é mais que uma súmula do noticiário daquele jornal nesse dia. Descreve, página após página, os diversos artigos noticiosos que considera mais importantes, segundo ele, que começam e acabam no Parlamento (aR), casa que deveria ser berço da democracia.como em tudo, há sempre uma grande diferença entre o que devia ser e aquilo que é, este caso é um exemplo dessa diferença. Bastará olharmos com alguma atenção para o trabalho que é produzido naquele hemiciclo.

O jornalista aponta a má gestão de um anterior governante que ocultou dados relativos às Parcerias Público Privadas (PPP) no valor de setecentos milhões de euros; avançou para o caso que envolve o espião público-privado, mencionando os últimos desenvolvimentos em que aparecem um ministro, deputados e um grande grupo de comunicação social; e finalmente aludiu ao processo do Tribunal de aveiro (escutas), onde um autêntico imbróglio jurídico, que trava o caso, foi cerzido na aR em 2007, graças à aprovação das regras penais (por acordo PS/PSD). Estas alargaram as impunidades das grandes figuras políticas. Neste artigo, o mencionado diretor considera ser um pungente diagnóstico do estado a que deixámos chegar Portugal. Rematando: E a Justiça marca passo sem reformas. Não podia ser mais esclarecedor.

Mas tudo tem um princípio. Recuemos para tentar compreender. a nossa democracia recente surgiu após o 25 de abril de 1974, mais concretamente com o I Governo Constitucional, em 23 de setembro de 1976, tendo como primeiro-ministro Mário Soares (PS), que viria também a encabeçar o II em 1978. a partir daquele governo, começou a alternância do poder entre o Partido Socialista e Partido Popular Democrata (ou PSD atual), que vigora até hoje. Ou seja, foram sempre políticos destes dois partidos, ou apadrinhados por eles, que governaram Portugal.com o decorrer dos anos, as máquinas partidárias foram-se consolidando e a qualidade da democracia foi baixando até ao ponto em que hoje se encontra. a democracia foi subvertida em prol de dois partidos e seus componentes e apoiantes, deixando para trás o interesse público.

Em função da má prestação dos governantes oriundos destes dois partidos as pessoas desinteressaram-se da política e os atropelos democráticos foram-se sucedendo. Os grupos económicos cresceram desmedidamente, assim como uma nova classe (os corruptos) que se aproveitaram do sistema e o manobraram a seu bel-prazer. as consequências estão à vista: os poderosos, quer política ou economicamente, dividem entre si o que de melhor o país tem e aqueles que estão fora deste círculo estão votados ao abandono e à miséria. O Estado engordou, mas as pessoas emagreceram. Estamos convictos de que o poder só pode emanar das pessoas, mesmo que através do voto, e os Governos, sejam quais forem, devem gerir com equidade e justiça os recursos existentes, têm que ser o garante do seu (povo) bem-estar. Hoje temos uma democracia doente. anda de muletas (PSD/PS) e se continuar assim não sabemos o que lhe poderá acontecer.