Cleophas Owino Omondi, 12 anos, Kibera Lindi, Quénia
Cleophas Owino Omondi, 12 anos, Kibera Lindi, QuéniaO meu nome é Cleophas Owino Omondi. Tenho 12 anos e moro na favela de Kibera Lindi. Sou o mais velho de duas crianças. a minha irmã chama-se Lisa awinja e ainda só tem três anos. Vivemos com a nossa avó desde a morte dos nossos pais. a nossa vida não tem sido fácil desde que a minha mãe morreu há três anos, quando a minha irmã só tinha cinco meses. a nossa mãe já estava doente há bastante tempo. Ela adoeceu imediatamente depois da morte do nosso pai. Ficou tão doente que já não conseguiu continuar o negócio que tínhamos. Às vezes lá tinha eu de faltar à escola para ir à procura de comida para a nossa família, pedindo à gente que passava na rua, ou indo a uma herdade pedir para nos darem um pouco de comida. Às vezes, eu tinha bastante sorte e era capaz de arranjar comida para três dias, ou mesmo para uma semana. Outras vezes, eram outras pessoas que vinham visitar a minha mãe para tratar dela, e que às vezes também nos traziam alguma comida. Quando a minha mãe ficou sem forças de todo, a nossa avó veio buscar-nos. Pouco tempo depois, a nossa mãe morreu. Desde então, vivemos com a nossa avó. Ela continua a fazer tudo para que nós passemos bem dando-nos comida, mas ela está a ficar bastante idosa. agora eu já aprendi a ajudá-la: faço os trabalhos de casa e outros trabalhitos. agradeço a Deus porque ela, a nossa avó, nunca nos tratou mal. E a Deus peço que outros tutores aprendam da minha avó a tratar bem as crianças como ela nos trata com todo o amor e carinho. agradeço a Deus porque não nos discriminam: a minha irmã é nova demais para compreender estas coisas, mas eu peço a Deus que lhe dê tempo para aprender. Há dias, a minha avó disse-me que ela também está doente, mas é tratada por alguns wazungus (gente de fora) que a vêm visitar de vez em quando, e por um grupo de pessoas que se chamam assistentes sociais. Espero poder ir um dia para a escola e tornar-me, também eu, um assistente social para ajudar quem precisa, como fazem estas pessoas. Deus há de abençoá-los sempre porque fazem este trabalho com todo o coração.

From the mouth of an aIDS orphan

My name is Cleophas Owino Omondi. I am a twelve years old boy who comes from Kibera Lindi slums. I am the first born in our family of two. My baby sister is called Lisa awinja and she is only three years old. We stay with our grandmother who is our guardian after we lost our parents. Life has not been easy since we lost our mother three years ago when my sister was only five months. Our mother had been sick for a long time. She fell sick immediately after daddy passed away.

She got so ill that she could not continue her business. I sometimes had to forgo school to look for food for the family by begging from passers-by or going to our neighbouring estate to ask for food. I could get lucky some days and manage to come home with enough food and money to take us up to three days or a week. Other days we got lucky too, visitors would come to visit mummy to treat her and bring us some food.

When mummy got too weak, our grandmother came and took us with her. Not long afterwards, mum died. So we have always been staying with my grandmother. I know she really tries to make us comfortable by providing food for us but she is getting old. So I have learnt to help her. I help do house chores and other jobs. I thank God for her because she has never mistreated us in any way. I hope other guardians learn from my grandmother and treat children like us like any other child and give them love that they need. I thank God people do not discriminate us, my sister is too young to understand much, but I pray God will give her more time.

The other day my grandmother told me she is also sick but she receives treatment from some wazungus who come to visit her often, together with a group of other people who call themselves social workers. I hope one day too that I will go to school and become a social worker to help people like these people help us. God will always bless them because they do their work with one heart.