Organização das Nações Unidas considera que uma das grandes falhas nos sistemas alimentares passa pela falta de capacidade de centenas de milhões de pessoas em produzirem ou comprarem a comida que necessitam
Organização das Nações Unidas considera que uma das grandes falhas nos sistemas alimentares passa pela falta de capacidade de centenas de milhões de pessoas em produzirem ou comprarem a comida que necessitam Não podemos falar de desenvolvimento sustentável, enquanto esta situação persistir, enquanto quase um em cada sete homens, mulheres e crianças são deixadas para trás, vítimas de subnutrição, afirmou esta quarta-feira o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a agricultura e alimentação (FaO), José Graziano da Silva, num documento que será entregue na Cimeira Rio+20, a realizar em junho, no Rio de Janeiro, no Brasil. No relatário, a FaO refere que uma das grandes falhas nos sistemas alimentares está relacionada com o facto de centenas de milhões de pessoas continuarem a passar fome porque, apesar dos progressos de desenvolvimento e produção alimentar, não têm os meios para produzir ou comprar a comida de que necessitam para uma vida saudável e produtiva. Graziano da Silva sublinha que a melhoria dos sistemas agrícolas e alimentares é essencial para um mundo com pessoas e ecossistemas mais saudáveis. Três quartos dos pobres e esfomeados do mundo vivem em áreas rurais e a maioria depende da agricultura e atividades relacionadas para a sua subsistência. Quarenta por cento das terras degradadas do mundo encontra-se em áreas com altas taxas de pobreza. a fome põe em marcha um ciclo vicioso de redução de produtividade, aumento da pobreza, desenvolvimento económico lento e degradação dos recursos, aponta o documento. De acordo com a FaO, os sistemas de consumo de alimentos e de produção têm de alcançar mais com menos. Do lado do consumo, é preciso mudar para dietas nutritivas para que tenham um menor impacto ambiental, e reduzir as perdas de alimentos e desperdícios em todo o sistema alimentar. Do lado da produção, é necessário abordar o esgotamento do solo, água e nutrientes, as emissões de gases de efeito estufa, a poluição e a degradação dos ecossistemas naturais. O organismo liderado por José Graziano da Silva estima que as perdas globais dos alimentos e a quantidade de resíduos seja de 1,3 bilhão de toneladas por ano – cerca de um terço da produção mundial de alimentos para consumo humano -, o que corresponde a mais de 10 por cento do consumo energético total mundial.