Estudo da UNICEF sobre pobreza infantil revela que três em cada dez crianças são carenciadas em Portugal. Muitas continuam sem acesso a uma refeição de carne ou a uma simples peça de fruta
Estudo da UNICEF sobre pobreza infantil revela que três em cada dez crianças são carenciadas em Portugal. Muitas continuam sem acesso a uma refeição de carne ou a uma simples peça de fruta Três em cada dez crianças em Portugal são carenciadas, segundo um relatório da UNICEF sobre pobreza infantil divulgado esta terça-feira pela agência Lusa, que coloca o país quase no final da tabela dos 29 países europeus estudados. Para chegarem a esta conclusão, os autores do estudo avaliaram a situação financeira, habitacional, a alimentação, o vestuário, a educação, tempos livres, a comunidade’ e o social’ que engloba festas, amigos e viagens escolares, das crianças. Para a UNICEF, uma criança é considerada carenciada quando não tem acesso a duas ou mais das 14 variáveis base, tais como três refeições por dia, um local tranquilo para fazer trabalhos de casa, livros educativos em casa, ou uma ligação à internet. Portugal ficou na 25a posição, verificando-se que 1,2% dos menores portugueses carecem de 11 ou mais destes itens. O maior problema, no nosso país, é ao nível financeiro, atingindo 43,3% das crianças, seguindo-se os tempos livres (29,4%), o social’ (26,4%) e a educação (25,8%). No campo da alimentação, há 6,4% que são atingidas pelo problema, sendo que 3,3% não comem carne, 3% estão privadas de fruta e 1,5% não consegue fazer três refeições por dia. Os casos mais problemáticos registam-se na Roménia e na Bulgária. Os resultados do relatório, que será hoje divulgado em Bruxelas, confirmam que as crianças que vivem em famílias monoparentais, em famílias numerosas ou cujos pais estão desempregados ou com níveis mais baixos de escolaridade apresentam um risco muito maior de sofrer privações. O relatório mostra que alguns países registaram bons resultados graças aos sistemas de proteção social que estavam a funcionar, mas o risco é que no contexto da atual crise sejam tomadas decisões erradas cujas consequências só serão visíveis muito mais tarde, alertou Gordon alexander, diretor do gabinete de investigação da UNICEF.