Ugo Pozzoli acredita que o Espírito de continentalidade pode contribuir para reforçar a unidade e cooperação entre as diversas comunidades da Consolata, espalhadas pelo mundo
Ugo Pozzoli acredita que o Espírito de continentalidade pode contribuir para reforçar a unidade e cooperação entre as diversas comunidades da Consolata, espalhadas pelo mundoO futuro pede mais cooperação interna nos vários continentes, melhor comunicação e novas formas de espalhar a palavra do Evangelho, sobretudo entre os jovens e os imigrantes. Esta foi a mensagem deixada por Ugo Pozzoli, representante da direção geral do Instituto Missionário da Consolata, na X Conferência Regional, que decorre em Fátima. Fátima Missionária – Uma das propostas que colocou em reflexão na Conferência da região portuguesa da Consolata foi a da continentalidade. Que objetivos se pretendem alcançar com esse modelo? Ugo Pozzoli – a continentalidade não é um conceito novo para o Instituto Missionário da Consolata (IMC). No Capítulo Geral de 1999 já se falou de uma maneira continental de solucionar alguns problemas de organização. a ideia foi retomada em 2005, no Capítulo de São Paulo, no Brasil, enquanto continentalidade funcional, que permitisse melhorar a organização em função de uma missão mais contextualizada nos vários continentes. O nosso Instituto não é muito grande, somos perto de 1000 missionários, mas estamos espalhados por muitos países diferentes, com muitas variedades de culturas, de idiomas e de formas de enfrentar a missão de hoje, que se torna a cada dia mais complicada e a necessitar de novas medidas. Este Capítulo voltou a agarrar na proposta, depois de uma experiência nos últimos seis anos, em que se tentaram organizar de forma continental algumas atividades, como a pastoral, a animação missionária e a formação. através deste espírito de continentalidade, é possível trabalhar mais próximo do local onde se vive a missão e de se conseguir uma solução para os problemas, mais perto da região onde eles existem. – O conceito envolve uma mudança estrutural do Instituto? – Uma mudança estrutural não é possível do ponto de vista jurídico. E não é o que o Instituto está à procura neste momento. Temos órgãos diretivos, que são os conselhos regionais, com os superiores regionais que são responsáveis por representar as circunscrições regionais. Eles formam um conselho continental, que decide ao nível de cada continente. – Como pode explorar-se este modelo, por exemplo, no continente europeu? – É preciso procurar áreas de interesse comum. Temos setores bastante parecidos que podem levantar problemas comuns, como a animação missionária e a animação juvenil. Todas as regiões da Europa enfrentam o fenómeno da imigração e em todas se fazem atividades a favor dos imigrantes, veja-se os casos de Espanha, Portugal e Itália. Outro exemplo: a nossa presença na Polónia, que é pequena, mas faz parte deste interesse continental. Em vez de ser uma presença que depende quase na totalidade da direção geral, pode ser um espaço de trabalho conjunto e a expressão de um possível ad gentes’ no leste do continente europeu. No campo da formação, porque que é que alguns missionários que já estudam num continente não podem ser destinados pelo conselho continental, segundo as necessidades do próprio continente, em vez de serem designados para outros trabalhos pela direção geral? E na abertura de novas comunidades, se existe um projeto interessante, porque que é que os outros países não podem pensar em colaborar com pessoal, com recursos ou com algo que possa ajudar o continente a viver essa nova missão? São todas estas coisas que podemos pensar e que podiam ajudar a missão a ser mais contextualizada. – Que desafios se colocam ao IMC, tendo em conta a diminuição de vocações, a crise económica, o aumento da média de idades dos missionários? – Esses são desafios reais que tocam o Instituto e não sei se a continentalidade pode ser a única resposta a isso. Nós tentamos ver a continentalidade não como uma solução única, mas como um espírito de colaboração, de unidade e de trabalho conjunto que pode ajudar a nossa missão a ser um pouco mais significativa e contextualizada. – Falta ao Instituto interiorizar o espírito da globalização? – Creio que a Igreja é uma instituição que tem a globalização no seu aDN, porque o catolicismo, o ser católico, quer dizer ser universal e global. Essa dimensão já a temos. E a missão é exatamente a entrega à universalidade e à globalidade de uma forma que a Igreja não pode perder. Neste sentido, o que o instituto tem hoje de procurar é ver como se pode abrir às muitas pessoas que não conhecem Jesus, o caso do continente asiático. Ou dos nossos próprios países, que são tradicionalmente cristãos, mas que se estão revelando, em algumas áreas, países de primeira evangelização, um pouco pela presença dos imigrantes que chegam com outras culturas, com outra fé. – Hoje há um novo paradigma de missão? – Sim. Mas o que nós precisamos é descobrir as áreas nos nossos países ou noutros, onde possamos proclamar a nossa palavra como missionários de primeira evangelização. Temos que voltar a descobrir este aspeto. Nosso fundador dizia: nós temos que ir ter com os pagãos’. E este é um aspeto que temos que considerar, o que somos, o que fazemos. Cabe-nos olhar para os lugares onde nada chega. Continuar a ajudar a Igreja local a consciencializar-se sobre este aspeto missionário, faz parte da nossa missão. Favorecer estas presenças marginais, de fronteira, onde nada vai. O verdadeiro missionário é alguém que tem uma verdade profunda, na qual crê e quer transmitir, que é a Boa Nova, o Evangelho, Jesus Cristo, o Reino de Deus. E por isso faz tudo para a poder comunicar. – Com uma preocupação especial em relação às gerações mais jovens? – Sim, temos que encontrar novas formas de estar junto deles, porque estamos tradicionalmente agarrados a uma forma paroquial de fazer a pastoral. Isto pede-nos que inventemos algo de diferente. Creio que os jovens procuram uma mensagem de autenticidade, e uma mensagem que pode ser visível e credível. – O que espera desta Conferência Regional? – Eu tenho muita confiança, porque vejo uma comunidade que quer fazer um caminho. Um dos elementos muito importantes é a comunicação da missão. E parece-me uma componente muito forte na conferência. O missionário é um comunicador, é o homem da palavra, do anúncio, é um pregador. Por isso, tem que ser um mestre’ da comunicação. E esta comunicação tem que ser melhorada. Penso que este é um aspeto que sairá desta conferência e que pode servir de exemplo a todo o Instituto.