O Espírito Santo enviado por Deus aos discípulos de Jesus ajudou-os a tocarem a segurança das portas fechadas pela ousadia de ir ao encontro do mundo. Sair ao encontro da sociedade que, cada vez mais, ignora Deus
O Espírito Santo enviado por Deus aos discípulos de Jesus ajudou-os a tocarem a segurança das portas fechadas pela ousadia de ir ao encontro do mundo. Sair ao encontro da sociedade que, cada vez mais, ignora Deus Uma comunidade fechada e medrosa, onde ninguém conseguia entender os eventos daqueles dias. Uma comunidade confusa… a ausência física de Jesus causara tristeza e desorientação. Foi neste estado que o Espírito Santo encontrou a primeira comunidade. Tudo iria mudar. O intercessor enviado por Jesus iria mudar radicalmente a vida daquele grupo de pessoas. O medo deu lugar à ousadia, as portas fechadas deram lugar ao sair pelo mundo. Por tudo isso, é necessário considerar a vinda do Espírito Santo como um novo momento da criação de Deus. ao contrário de João, que coloca o evento de Pentecostes no próprio dia da Ressurreição, Lucas mostra-o na festa judaica de Pentecostes, que ocorria 50 dias após a festa de Páscoa. Segundo o esquema de Lucas, o Espírito apresenta-se como a força de Deus, representado no seu texto por dois símbolos que são o vento e o fogo, elementos tirados do antigo Testamento que recordam um momento fundamental da história do povo de Israel. agora o Espírito, a força de Deus, será quem garante a construção de um novo povo. O Espírito desce em forma de línguas de fogo e todos ganham a capacidade de falar noutras línguas. ao contrário do episódio da torre de Babel, as novas línguas são ajuda para a construção de uma grande família, não servem para dividir, como no caso da torre de Babel, mas para unir e, assim, construir o Reino de Deus. Um novo protagonista ao longo da caminhada com os seus discípulos, Jesus prometera-lhes enviar um Paráclito (do verbo grego kaleo, que significa chamar’, por isso, muitas vezes traduzido como intercessor), o qual teria a missão de lhes recordar tudo. Essa será a missão do Espírito: recordar aos discípulos as palavras de Jesus. Não ao acaso, a comunidade faz essa experiência. após a despedida de Jesus, recorda e reinterpreta as palavras proferidas por Ele. Tudo parece agora encaixar-se, tal como as peças de um puzzle gigante. Tudo começa agora a revelar-se. O Espírito torna-se o protagonista deste novo momento. Inspirados e acompanhados pelo Espírito, os discípulos partem, levando a Boa Nova ao mundo inteiro, conforme lhes pedira Jesus no momento da sua ascensão ao Pai. Espírito empurradorUma das missões, se assim a podemos chamar, do Espírito é a de empurrar para fora a comunidade dos discípulos. a tentação de permanecer fechados é algo que sempre acompanhou os discípulos. assim, também acontece hoje, perante os vários desafios com que somos confrontados, existe a tentação de ficar fechados nas nossas lindas igrejas. Vemos que se esvaziam, mas nos contentamos que, ao domingo, ainda quase encham. O Espírito não permite isso. Uma comunidade não pode nunca esquecer que deve ir ao encontro. Foi isso que o Espírito fez aos discípulos. Empurrou-os, sacudiu-os da sua comodidade para irem por todo o mundo, a anunciar a Boa Nova de Jesus. Se quisermos que, hoje, as nossas comunidades ganhem nova vida, é preciso abrir bem as portas e janelas, para não permanecermos fechados, mas para sairmos e irmos ao encontro da sociedade que, cada vez mais, ignora Deus.