Os números divulgados esta semana pelo Instituto Nacional de Estatí­stica (INE) revelam que a taxa de desemprego voltou a aumentar no último trimestre, com destaque para os jovens entre os 15 aos 24 anos, cujo valor é máximo histórico
Os números divulgados esta semana pelo Instituto Nacional de Estatí­stica (INE) revelam que a taxa de desemprego voltou a aumentar no último trimestre, com destaque para os jovens entre os 15 aos 24 anos, cujo valor é máximo históricoDe acordo com as estatísticas do Instituto Nacional de Estatística (INE), há agora 154,4 mil jovens desempregados, sendo mais de um terço do total do grupo etário entre os 15 e os 24 anos. O grupo com a segunda taxa de desemprego mais alta é o dos jovens entre os 25 e os 34 anos: 16,9 por cento. Por outro lado, e como complemento a esta informação, lembramos que segundo dados divulgados terça-feira passada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), metade dos jovens europeus sem emprego não aparece nas estatísticas oficiais de desemprego, porque já desistiram de procurar trabalho.

O combate ao desemprego jovem, por parte da União Europeia (UE), conheceu um incremento após o presidente da Comissão, José Manuel Barroso, haver proposto, durante o Conselho Europeu (em Janeiro passado), uma equipa de ação para estudar a forma de utilização de fundos comunitários. a iniciativa tem como objetivo a redução do número de desempregados jovens nos oito países da UE, com taxas mais elevadas, onde se destacam a Grécia e Espanha com taxas superiores a 50 por cento e Portugal na terceira posição. a taxa de desemprego total situou-se nos 14,9 por cento nos três primeiros meses de 2012, ou seja, a tendência mantem a subida e não se vislumbram soluções a curto prazo. Perante esta situação, uma das mais graves que o país atravessa, dado a sua implicação na vida de centenas de milhares de pessoas e, por consequência, na sociedade em geral, urge a tomada de medidas sérias e concretas.

Parece que os governantes estão mais preocupados com outras questões, porventura não menos importantes, como o equilíbrio das contas do Estado. Mas tudo quanto envolve o social, a vida das pessoas, deve constituir a sua prioridade, o que parece não acontecer. Neste momento está a verificar-se que as pessoas atingidas pelo flagelo do desemprego estão a procurar soluções, na maior parte dos casos individuais e isso não é positivo. É a lei do desenrasca, algo que os governantes aconselham quando sugerem a emigração.como é evidente, se quem é atingido pela desdita não reage, então não é possível encontrar soluções. Mas os responsáveis pelo descalabro social causado, há muito que deviam estar na primeira linha da procura de soluções. É aqui que a porca torce o rabo, ou seja, o poder continua a ser utilizado como trampolim individual ou de grupo, mas não assume a totalidade das suas responsabilidades.

Entre a globalidade dos desempregados, há uma faixa que nos deve deixar preocupados: os licenciados, por paradoxal que pareça. O número de desempregados com ensino superior ultrapassou os 115 mil no primeiro trimestre de 2012, o que representa 11,2 por cento, segundo fonte do INE. Qual a saída para estes licenciados? O caminho da emigração será o seu horizonte, dada a dificuldade de colocação em Portugal, o que porventura conseguirão sem grande dificuldade, graças à sua preparação. Mas isso coloca ao país novos problemas. Por exemplo: como será a sociedade portuguesa dos próximos 20 ou 30 anos sem a sua contribuição?

Perante esta realidade, que se perspetiva, ficaremos sem quadros (que o país pagou) e que certamente seriam muito importantes para a recuperação económica. Estamos convictos de que, quando o país precisar deles, não os terá. Nessa ocasião alguém deverá ser responsabilizado por os ter empurrado para o exterior. Concordamos que a prioridade do país passe pelo pagamento da dívida (do Estado, entenda-se!), mas o custo dessa medida terá que ser o desemprego generalizado que vai levar à miséria o povo português? Por que não colocar o emprego na agenda como a segunda prioridade nacional?