Muitas instituições de solidariedade social vivem em sérios riscos de fechar. Deixá-las morrer é terminar com a memória viva de muitas pessoas para quem muitas delas são o elo que as faz ligar ao mundo
Muitas instituições de solidariedade social vivem em sérios riscos de fechar. Deixá-las morrer é terminar com a memória viva de muitas pessoas para quem muitas delas são o elo que as faz ligar ao mundoUm estudo realizado pela confederação nacional das Instituições de Solidariedade (IPSS), refere que estas instituições têm hoje um peso na economia equivalente à indústria dos plásticos e da alimentação; é superior ao do material de transporte automóvel e da madeira. Neste estudo, é referido que Portugal é o segundo país da União Europeia onde o peso do setor social é maior na economia, só ultrapassado pela Finlândia. as IPSS têm um trabalho inestimável. ali encontramos gente completamente disponível, que se oferece completamente ao seu trabalho e enfrenta com coragem e tenacidade as maiores dificuldades. Hoje, ao nível do trabalho da reinserção social, do apoio á infância, da recuperação de toxicodependentes, da gerontologia, da assistência social, de todas as àreas onde se movem as IPSS, encontramos muitos dos melhores técnicos do país, daqueles que conhecem a realidade e a enfrentam sem medo e sem rodeios todos os dias. São pessoas na sua maioria que não se lamentam, não desistem, e têm um sentido de serviço á comunidade e ao próximo absolutamente notável. São um testemunho vivo da mensagem cristã para os crentes e para os que não acreditam, fiéis depositários do mais extraordinário humanismo. Na esmagadora maioria dos casos são estas instituições que trabalham com os casos mais difíceis, com aqueles onde as instituições estatais e paraestatais não conseguem dar respostas. Quem conhece algumas delas por dentro, sabe como sobrevivem, o trabalho que realizam e como o realizam – no amor imenso ao serviço do outro e na força que destila desse amor. Em todas elas, para lá da sua metodologia de trabalho e especificidade, existe um denominador comum, uma referência que as organiza: cada rosto traz consigo uma história que necessita de ser abraçada, cada homem carrega consigo o gérmen da mudança. Por isso é tão doloroso o que temos visto e ouvido. Muitas destas instituições vivem em sérios riscos de fechar, as dificuldades económicas são imensas, os recursos cada vez menos. algumas mesmo acabam por encerrar. Neste estudo é referida a necessidade das IPSS serem pró-ativas () e agentes da sua própria mudança. O desafio vai ser imenso, a fasquia que se coloca em muitas delas é a da sobrevivência. Não deixá-las cair é um dever de todos, ajudá-las a reorganizar-se é um ato meritório de uma sociedade que não se esqueceu de si. Deixar morrer muitas destas IPSS é terminar com a memória viva de muitas pessoas para quem muitas destas instituições são o elo que as faz ligar ao mundo. É deitarmos fora aqueles que vivem na orla das instituições públicas e que em muitos casos são expulsos delas. Neste tempo de crise e onde o futuro é incerto não podemos abandonar o dom mais precioso das nossas vidas – o amor por aqueles que se esqueceram de amar.