O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta quarta-feira, 2 de maio, uma resolução que ameaça aplicar sanções ao Sudão e ao Sudão do Sul caso os países não regressem ao diálogo pacifico e aos compromissos assumidos, num prazo de três meses
O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta quarta-feira, 2 de maio, uma resolução que ameaça aplicar sanções ao Sudão e ao Sudão do Sul caso os países não regressem ao diálogo pacifico e aos compromissos assumidos, num prazo de três meses apesar das hesitações iniciais da Rússia e China, os 15 países do Conselho de Segurança aprovaram unanimemente um texto que impõe a cessação imediata das hostilidades e exige avanços nas negociações para solucionar os assuntos pendentes após a independência do Sudão do Sul em julho de 2011. Depois de chegar a acordo com a China – que tem altos interesses económicos no Sudão e Sudão do Sul – o Conselho de Segurança, presidido pelo azerbaijão, deu o sinal verde para uma resolução dos conflitos num prazo de três meses a partir de hoje. Caso as partes envolvidas desrespeitem o documento aprovado, que exige o fim dos confrontos na zona fronteiriça, o Conselho de Segurança tomará as medidas necessárias e as incluídas no artigo 41 da Carta das Nações Unidas. O artigo 41, que não implica o uso de força armada para fazer cumprir as decisões do Conselho de Segurança, estipula sanções como a interrupção total ou parcial das relações económicas e das comunicações. além disso, permite a rutura das relações diplomáticas. a embaixadora americana perante a ONU, Susan Rice, afirmou: Estamos preparados para impor sanções a ambas as partes ou a qualquer delas se for necessário. O conflito entre Carum e Juba está em vias de transformar-se numa guerra em grande escala, acrescentou. a resolução exige aos dois governos que cessem imediatamente todas as hostilidades, como bombardeamentos aéreos, e que recuem as suas forças para dentro das respetivas fronteiras. Exige ainda que cesse a disputa pela região petrolífera de abyei. O Conselho pediu que os países cheguem a acordo para a delimitação das suas fronteiras e para a repartição das receitas derivadas da produção petrolífera, um dos principais motivos para o aumento da tensão entre Cartum e Juba nos últimos meses. Nas últimas semanas, Sudão e Sudão do Sul protagonizaram inúmeros confrontos depois que as forças do sul ocuparam, em 10 de abril, a área petrolífera de Heglig, cujo controle foi recuperado por Cartum dez dias depois. a organização internacional Human Rights Watch (HRW) criticou a resolução imposta pela ONU, considerando que o texto não faz justiça aos cidadãos de Kordofán do Sul e do Nilo azul, que passaram fome, terror e se viram obrigados a viver escondidos em cavernas para fugir aos bombardeamentos indiscriminados do exército sudanês, declarou o seu porta-voz, Philippe Bolopion. O Conselho de Segurança deveria ter exigido especificamente a cessação dos bombardeamentos nessas zonas, assim como exigir a Cartum que permita o acesso imediato das organizações humanitárias e investigações sobre os crimes de guerra e contra a humanidade que podem ter ocorrido.