Em São Paulo, Brasil, 49 missionários da Consolata estão em Capítulo geral.
Em São Paulo, Brasil, 49 missionários da Consolata estão em Capítulo geral. Desde 10 de abril, o Insituto da Consolata está em Capítulo geral, representado por 49 missionários vindos de quatro continentes: África, américas, Europa e Ásia. Darci Vilarinho revela-nos as suas primeiras impressões deste evento:

1. é a primeira vez que participo numa assembleia deste género, mas, tendo participado por dentro a toda a preparação, dá já para entender que será certamente um grande acontecimento para o nosso Instituto. é um tempo de graça especial que certamente vai ter benéficos efeitos para os membros da nossa família missionária.

2. Estamos a chegar ao fim da primeira semana de trabalho efectivo após uma semana inteira dedicada à oração, à reflexão, ao conhecimento da realidade que nos rodeia e ao nosso mútuo conhecimento. Vamos ter que estar juntos cerca de mês e meio. Há que se conhecer o mais profundamente possível, para nos podermos escutar e compreender.

3. Tenho a impressão muito forte de que estamos a viver uma experiência comunitária única. O centro de cada dia e do nosso trabalho não são as nossas discussões sobre os problemas do Instituto, mas sim a Palavra de Deus que no dia da abertura entronizámos solenemente na capela deste Centro missionário para nos lembrar diariamente que sem Ele nada podemos fazer. Para que o Capítulo se realize segundo o plano de Deus, para que a seu tempo os frutos possam surgir, temos que partir sempre desta Palavra orientadora e saborear esta presença experiencial de Deus no meio de nós. Depois é a Eucaristia de todas as manhãs que nos ajuda a ser um só coração e uma só alma e nos permitirá conseguir já aqui entre nós essa unidade de intentos tão do agrado do nosso Beato Fundador. Discutir e esclarecer, certamente, mas dentro de um objectivo que tem por finalidade a comunhão entre nós.

4. a missão vivida em comunhão, segundo a espiritualidade que José allamano nos transmitiu, para que possamos trabalhar de acordo com o seu estilo, é o objectivo último do nosso trabalho capitular. a segunda semana do Capítulo consistiu na leitura e avaliação da nossa realidade como Instituto feita pelo Padre Geral.com muita objectividade mostrou-nos o modo como o Instituto caminhou nestes seis últimos anos focalizando a problemática em que vivemos. Logo a seguir foi a vez de cada Região donde provêm estes 49 missionários apresentar uma panorâmica do próprio campo de trabalho. Todos os problemas foram afrontados, desde o pessoal missionário à formação de base, desde a evangelização à necessidade de uma nossa reorganização.

5. Vai-se acentuando dentro de mim a impressão de que não estamos aqui para redigir belos documentos que deverão ser apresentados aos nossos irmãos missionários dos quatro Continentes. Estamos aqui sobretudo para viver uma experiência comunitária única que nos vai ajudar já agora a entrar no cerne das questões a enfrentar e mais tarde a testemunhá-la no meio das comunidades para as quais vamos voltar.

6. Uma outra impressão: este é um Capítulo jovem. Há naturalmente também pessoas que têm muitos anos de experiência de vida missionária, mas há sobretudo jovens muito esclarecidos de quem o Instituto tanto espera. O futuro da nossa família missionária passa sobretudo por eles e isto transmite-nos muito optimismo.

7. Outra impressão ainda: há um Espírito de serviço muito grande. Viu-se na aceitação dos cargos inerentes à condução do Capítulo, mas também nas várias comissões de animação comunitária e litúrgica que foram nomeadas para o bom desempenho desta nossa missão e nos tantos serviços que a nossa vida diária comporta. Somos de verdade uma família de que o Beato José allamano se poderia vangloriar.

8. O pouco tempo livre que nos é concedido, utilizamo-lo para falarmos uns com os outros, para nos ouvirmos sobre a problemática de cada um e para irmos vislumbrando desde já a melhor resposta para os desafios do nosso tempo, e para descobrirmos entre nós as pessoas que poderão conduzir, a nível geral, o Instituto nos próximos seis anos. é um descernimento que iremos fazendo pouco a pouco, certos de que também o Espírito Santo nos ajudará nesta escolha sempre muito delicada.

9. O facto de estarmos no Brasil, fruto de 455 anos de evangelização, é ocasião de inspiração para todos nós. O encontro que se deu entre a cultura portuguesa e a cultura deste povo teve aqui em São Paulo as suas raízes. Foi por isso que quisemos visitar logo no segundo dia da nossa permanência nesta terra o primeiro núcleo de evangelização, no coração da cidade (o Páteo do Colégio), onde o Padre Manuel da Nóbrega, nosso conterrâneo, e o Padre José anchieta, iniciaram a evangelização. é o mesmo Espírito que nos anima a percorrer os caminhos da evangelização dos nossos dias para que o Reino de Cristo se espalhe por toda a terra. Os contactos com as comunidades cristãs (já visitámos duas) dão-nos a conhecer melhor ainda a realidade deste povo profundamente religioso, cheio de vida e de contagiante alegria.

10. a grande comunhão que existe entre nós permite-nos ainda viver os problemas uns dos outros, como aconteceu com o falecimento da mãe do nosso padre Diamantino. Foi esse Espírito de comunhão que lhe transmitiu tanta serenidade e tanta paz numa ocasião tão dolorosa. Em contacto com a Região do Roraima exultámos com a homologação das terras da Raposa Serra do Sol entregues pelo governo brasileiro aos Índios, seus legítimos proprietários. E com o povo de Toribio, na Colômbia, sofremos também nós por causa da invasão das FaRC nesse território com o lançamento de bombas incendiárias artesanais que semearam morte e sofrimento. Vivem-se aqui os problemas do mundo e da Igreja. Em união com o Papa Bento XVI, a quem fizemos chegar uma mensagem especial, estamos todos empenhados na mesma missão de anunciar no modo melhor Jesus Cristo à humanidade do nosso tempo.

São Paulo, 21/04/2005