“O Pai tem-me amor, porque eu dou a minha vida pelas minhas ovelhas”, declara o Senhor Jesus no evangelho do quarto domingo de Páscoa
“O Pai tem-me amor, porque eu dou a minha vida pelas minhas ovelhas”, declara o Senhor Jesus no evangelho do quarto domingo de PáscoaQuando eu tinha os meus cinco anitos, pôs-me o meu pai um pau na mão, levou-me ao curral da nossa dúzia de ovelhas e cabras e disse-me que daí em diante era eu o pastor delas. E todos os dias lá andava eu, especialmente por meio dos pinhais, por onde havia moita, tojo, rosmaninho, carqueja e várias ervas para o gado comer. Não tinha eu lá muito organizado na minha mente que o meu dever para com o rebanho era triplo: apascentá-lo em boas pastagens, reuni-las num só redil ou curral e defendê-las dos lobos. Quanto a esta última hipótese, creio que se algum lobo atacasse o meu rebanho, eu dava às de vila Diogo o mais depressa possível e pobres ovelhas!
No evangelho de hoje Jesus fala-nos de si mesmo como Bom Pastor do rebanho de Deus, que nós somos. Em palavras claras, explica-nos a relação de amor que existe entre Ele e nós, suas ovelhas, e a relação de amor e obediência que deveria existir entre nós e Ele. Muita gente há que mantém viva em si esta relação com Cristo salvador. Mas, nos nossos dias, há muitos problemas na questão dos relacionamentos. Muito para isso contribui a assim chamada massificação das camadas populacionais. Consciente ou inconscientemente, é fácil deixarmo-nos manipular por organizações que produzem e nos apresentam continuamente modelos de comportamento que nos tornam peças de uma máquina. Isto leva-nos, muitas vezes, a perder a nossa identidade.
Bem cozinhados por estas organizações, são-nos apresentados ideais de progresso a que se não quer renunciar para não sermos menos do que os outros, ou deles diferentes. E seguimos a maneira de vestir, de falar, de educar as crianças que a avalanche niveladora nos apresenta; numa palavra, perdemos a nossa liberdade, capitulamos diante deste tsunami ditatorial que está a invadir o mundo inteiro. até usamos peças de vestuário em que estão escritas palavras ou frases em línguas estrangeiras cujo sentido muitas vezes nós desconhecemos. E este tsunami está a arrasar a união em muitas famílias que até já perderam o sentido da vocação do que é a família.
Cristo é o Bom Pastor que nos traz a oportunidade de fazermos uma experiência plena de libertação. Dizia Ele: Se permanecerdes fiéis à minha mensagem, sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres (João 8, 31-32). Paremos de vez em quando para considerarmos a nossa maneira de ser. Rejeitemos as propostas dos grandes poderes que tudo fazem para nos fazer esquecer Deus. Sigamos o Bom Pastor que sempre nos conduz a pastagens que melhor nos fazem compreender o sentido da vida. E trabalhemos para que muitas outras ovelhas ouçam a voz de Cristo, para que em breve haja um só rebanho sob a direção dum só Pastor: o Senhor Jesus.