«Mais importante é a qualidade» defende o secretário da Conferência Episcopal Portuguesa ao comentar os números do relatório de «Identidades religiosas em Portugal»
«Mais importante é a qualidade» defende o secretário da Conferência Episcopal Portuguesa ao comentar os números do relatório de «Identidades religiosas em Portugal»Manuel Morujão considera que a diminuição da quantidade possa resultar num desafio para manter a qualidade. Os números do estudo efetuado pela Universidade Católica revelam que houve um decréscimo dos portugueses que se dizem católicos, de 86. 9 por cento para 79. 5 por cento. Verificou-se um aumento dos que se dizem não crentes ou sem religião, de 8. 2 por cento para 14. 2 por cento, comparando com igual estudo realizado em 1999. O inquérito validou 3. 978 respostas numa sondagem efetuada entre outubro e novembro de 2011.
Todos nós gostaríamos de ver os números a crescer, mas também sabemos que a quantidade não é o fundamental, afirmou Manuel Morujão. Quanto às estratégias a adotar pela Igreja na sua atuação futura, as prioridades passam por irmos ter com os jovens, a nova geração, que nos desafia e levar os valores de fé, sublinhou o sacerdote jesuíta. O porta-voz da Conferência Episcopal realça que há menos gregarismo e isso pode trazer mais qualidade. Hoje quem é católico é porque o quer, não por pressões familiares, sociais, sociopolíticas, acrescentou. Os números não são dogmas de fé, mas indicadores da realidade que temos de saber ler, disse ainda.
O estudo aponta para um peso maior dos evangélicos e dos sem religião, destacou alfredo Teixeira. O coordenador do inquérito realçou que se nota uma desarticulação entre o crer e o pertencer. Uma das surpresas registadas pelo sociólogo foi a diversificação dos níveis de pertença, casos de pessoas que não vão à missa mas os filhos frequentaram a catequese.
O docente da Universidade Católica Portuguesa aponta a existência de zonas claras em que a Igreja Católica terá de pensar a sua inscrição na sociedade portuguesa. Em particular o problema urbano que se sente em relação aos católicos, uma vez que as outras confissões religiosas crescem nesse ambiente. O professor universitário sublinha ainda que o peso do catolicismo é menor nos jovens que noutras idades.
a região de Lisboa e Vale do Tejo apresenta-se como a região que contribui para a diversidade de posições religiosas. Se esta região fosse retirada do estudo – adverte alfredo Teixeira – teríamos uma identidade religiosa mais compacta. O coordenador do inquérito observou que o norte é mais católico que a sul, apresentando-se o algarve com a sua especificidade, isto é, maior erosão.