anacleto Oliveira, ordenado bispo a 24 de abril, fala à Fátima Missionária.
anacleto Oliveira, ordenado bispo a 24 de abril, fala à Fátima Missionária. Fátima Missionária: Muito do seu trabalho pastoral foi em Fátima, como responsável pela peregrinação das crianças. Qual a importância do carinho demonstrado pelo Papa João Paulo II por Fátima?

anacleto Oliveira: Fátima já era importante, mas sem dúvida que João Paulo II lhe deu uma projecção internacional muito maior. O Papa, que sempre assumiu uma grande devoção mariana, acabou por levar a mensagem de Fátima aos quatro cantos do mundo.

Ele tinha um grande amor a Fátima. a coincidência, do ponto de vista humano, do atentado num 13 de Maio, aumentou a ligação de João Paulo II a Fátima, que associou a sua sobrevivência à intervenção mariana. a oferta do anel pessoal e da bala do atentado mostraram ao mundo a importância que ele dava ao santuário.

Era uma ligação vital com a qual Fátima ganhou uma grande projecção. O Papa deu-lhe a actualidade que necessitava no momento histórico que o mundo está a passar. Fátima, com a sua mensagem, apresenta-se hoje como uma alternativa plena à proposta do mundo que procura outros critérios e outros deuses com as consequências negativas que vemos.

FM: Sente-se como um novo bispo para um novo milénio?

a. O. :Não o vejo tanto como uma questão de números. Não é o passar de 1999 para 2000 que vai mudar a história. No entanto, considero que estamos a viver um momento histórico especial. Na morte do Papa ter a transmissão directa pelas várias cadeias de televisão mundiais, a própria transmissão da celebração dos cardeais na capela Sistina, marca um momento histórico.

Há um tipo de civilização que tem muito a ver com a globalização. Há um cair de fronteiras e uma projecção a nível mundial de interesses. as pessoas vivem o momento presente e vivem-no o melhor que podem. é um momento que podemos comparar ao do início do cristianismo, nascido no momento em que o Império Romano apresentava os primeiros sinais de decadência. Nesse momento o cristianismo apresentou-se como uma alternativa. Também hoje constitui uma alternativa.

Os homens desviam cada vez mais de Deus, ou da sua Igreja. Mas, apesar de tudo, ela faz parte desta sociedade. Mesmo em países considerados agnósticos, nós vemos como acontecimentos da Igreja têm importância. ainda hoje pude ouvir várias rádios, que não têm nada a ver com a Igreja, que dedicavam muito tempo a notícias sobre a eleição do Papa.

Por outro lado temos países como Portugal que já têm muitos séculos de cristandade – são 80 porcento dos portugueses que se declaram cristãos – mas na prática de vida, não apenas ir à missa ao domingo, esse número não se nota.

é a necessidade de uma nova evangelização que tem de começar por dentro da própria Igreja, dos próprios cristãos. Esta evangelização necessita trabalho para uma formação de base dos nossos cristãos. De facto levar Cristo e a sua mensagem à nossa cultura.

é a nova evangelização, para a qual João Paulo II tanto apelou e que já se está a fazer de um modo organizado e programado.