Secretário da Nunciatura apostólica acredita, como o Santo Padre, que o futuro da Igreja passa por África. Mas para isso, adverte, é preciso formar agora «bons cristãos»Secretário da Nunciatura apostólica acredita, como o Santo Padre, que o futuro da Igreja passa por África. Mas para isso, adverte, é preciso formar agora «bons cristãos» a terminar o mandato de cinco anos como secretário da Nunciatura apostólica de Moçambique, Mário Codamo, 34 anos, prepara-se para assumir o mesmo cargo, na Suíça. De passagem por Fátima, o sacerdote falou do trabalho desenvolvido pela Igreja Católica em terras moçambicanas, e do que está por fazer, numa entrevista à Fátima Missionária. Fátima Missionária – Qual a importância do acordo ratificado recentemente entre a Santa Sé e o governo de Moçambique?MÁRIO CODaMO – Como disse o senhor núncio apostólico, antónio arcari, é uma página histórica na Igreja de Moçambique. a assinatura do acordo é um dos momentos mais importantes daquela a que podemos chamar a caminhada de mais de 20 anos nas relações entre a Santa Sé e a república moçambicana. a Igreja Católica em Moçambique foi uma igreja que sofreu, que foi perseguida, que teve a liberdade limitada. Hoje desempenha um papel muito importante na sociedade moçambicana, na evangelização e no auxílio nos setores da saúde e da educação. O acordo confirma a importância e a liberdade da missão da Igreja. – Com este pacto, as congregações podem finalmente ter imóveis em seu nome. Isto pode ajudar no crescimento das missões?- Depois da independência, com a guerra civil, a Igreja perdeu personalidade jurídica. Este é um elemento importante porque cada diocese passa a ser reconhecida como entidade com personalidade jurídica. as congregações também. É uma segurança. Vai permitir a regularização do que muitas congregações têm, como imóveis, escolas, ou hospitais. E pode incentivar as congregações a realizarem mais obras no âmbito da saúde e da educação. – Como tem sido o desempenho dos missionários em Moçambique? – a Igreja de Moçambique foi fundada e evangelizada pelos missionários. Falamos de homens e mulheres que chegaram há mais de 500 anos e começaram esta grande obra de evangelização. atualmente, estamos na segunda fase da igreja moçambicana, de reforço. Está a crescer o número de sacerdotes diocesanos das vocações religiosas autóctones, o que é uma boa esperança para o futuro, para consolidar as próprias estruturas. Uma igreja local precisa de ter pessoal local, para assumir o papel que muitos missionários estrangeiros desempenharam. Num clima de comunhão e colaboração. – O aumento das vocações em Moçambique contrasta com a diminuição acentuada na Europa. Os países africanos podem ser uma solução para a falta de sacerdotes europeus? – Não temos que falar de solução dos problemas das vocações. Sendo Moçambique uma Igreja nova, é claro que tem ainda aquela força inicial para poder consolidar e formar o futuro da igreja.como diz o Santo Padre, África pode ser e é a esperança da Igreja. Muitos povos africanos estão a conhecer Cristo agora e nós temos a responsabilidade de os formar como bons cristãos. Estamos a semear a palavra de Deus, que pode dar muitos frutos. Mas temos que consolidar e formar bem os nossos cristãos para poder falar de esperança no futuro da igreja. – Que desafios enfrenta a Igreja Católica em Moçambique? – Os desafios que a Igreja vive a nível universal. Naturalmente, quando falamos de Moçambique, falamos de um país africano que ainda tem um nível de pobreza muito alto. Os jovens estão a assistir a uma fase de evolução, de mudança social e económica. O país já olha muito para as nações mais desenvolvidas economicamente, com esperança de um dia chegar ao mesmo índice de desenvolvimento. Temos que os ajudar a desejar tudo isso com equilíbrio. E ajudar as pessoas a perceber que tudo isso não é a solução dos problemas e não é única finalidade do homem sobre a terra. – acabou a missão em Moçambique e vai para a Suíça. Porquê esta passagem por Fátima?- Fátima é um centro de atração para todos os católicos. Desde a primeira vez que a visitei que lhe fiquei com um grande amor. E quero agradecer à Nossa Senhora a experiência de cinco anos, em Moçambique. ao mesmo tempo, desejo pedir-lhe que me ajude na nova missão que os superiores me confiaram, como secretário da Nunciatura apostólica na Suíça.