Há poucas semanas, a revista do Expresso titulava: «O meu futuro não passa por aqui»
Há poucas semanas, a revista do Expresso titulava: «O meu futuro não passa por aqui»Referia-se a uma reportagem sobre uma dúzia de jovens portugueses, na casa dos 18 anos, e da sua visão (negra) sobre o seu futuro e o destino de Portugal. Esta expressão de desânimo e descrença só pode deixar-nos profundamente apreensivos, mas exige um sobressalto cívico e religioso. Os tempos de crise e incerteza, que nos conduzem à proximidade, ao abismo e à ausência de esperança, estão a destruir os sonhos de uma geração que se vai sentindo a mais.

apesar de estarmos perante a geração mais qualificada de que há memória na sociedade portuguesa, os números do desemprego juvenil – a caminho dos 40 por cento – mostram os caminhos fechados e desanimam qualquer um. acresce que temos uma economia em queda livre e um ciclo diário de destruição de emprego. Nesse contexto, o medo vai-se apoderando da razão e do coração dos jovens e vai tolhendo a sua capacidade de lutar – aqui – por um futuro melhor, para si e para o seu país. a partida é a resposta mais óbvia para uma geração global, que nasceu depois da internet, dos voos low cost ou do Programa Erasmus. Outros destinos talvez ofereçam as oportunidades que, neste contexto, Portugal não é capaz de gerar.

No entanto, para uma visão cristã do mundo há um outro olhar e, sobretudo, um outro apelo. Neste tempo turbulento, temos de ser capazes de despertar a jovem geração do século XXI para a coragem de lutar contra a tentação de todas as desistências. Portugal precisa, mais do que nunca, dos seus jovens. Sem eles nunca vencerá a crise. Precisa que arregacem as mangas e lancem mãos à obra de reconstruir um país em escombros: com a sua criatividade, com a sua cultura global e digital, com o seu espírito empreendedor, com a sua flexibilidade. Os dias de tempestade, onde tudo parece perdido com o medo do naufrágio, são também o momento para os grandes gestos corajosos de não desistir.

Dos cristãos, por maioria de razão, que são filhos da esperança e da confiança num Deus que nunca desiste de nós, é esperado um sinal. Entre o medo e a coragem, sabemos bem de que lado devemos estar. Os jovens precisam desse nosso testemunho em tempos de crise, para que acreditem que vale a pena ficar… e lutar.

*Diretor Geral – Fórum Estudante