O momento que o país atravessa merece uma ponderação séria e rigorosa por parte das entidades sindicais, sejam quais forem as suas cores partidárias. a situação exige responsabilidades acrescidas, as pessoas devem estar primeiro
O momento que o país atravessa merece uma ponderação séria e rigorosa por parte das entidades sindicais, sejam quais forem as suas cores partidárias. a situação exige responsabilidades acrescidas, as pessoas devem estar primeiro a greve geral decretada pela CGTP no passado dia 22 de março visava o protesto contra o agravamento da legislação laboral, o aumento do desemprego, o aumento do empobrecimento e as sucessivas medidas de austeridade.como é evidente, embora sejam chavões políticos a verdade é que são problemas reais e prementes, mas que uma greve geral não vai resolver, embora possa, de certa forma, chamar a atenção dos governantes constituindo uma forma de pressão. Em nosso entender, o problema não está na greve, mas sim na forma como, por dá cá aquela palha, os sindicatos decretam as greves. O exercício da greve é um direito consagrado, mas é de bom senso que apenas seja utilizado quando não há qualquer alternativa, ou seja, o último recurso para fazer valer o direito do trabalhador. Infelizmente não é isso que constatamos quanto às greves ocorridas nos últimos anos. Os sindicatos têm um papel importante na sociedade portuguesa, mas estão, logo à partida inquinados devido às suas ligações partidárias, o que faz com que atuem de acordo com os interesses do partido e não sindicais. Hipocritamente estão a fazer o jogo dos partidos utilizando os trabalhadores para tal. Por outro lado, verificamos que para defender os direitos dos trabalhadores há outras formas de o fazer e uma das mais importantes poderia ser o diálogo com as entidades patronais e governamentais, mas que normalmente recusam. Um exemplo disso foi a ausência da CGTP nas reuniões de Concertação Social promovidas pelo Governo e a que aquela central sindical optou por, comodamente, não dar o seu contributo. Ora o Código do Trabalho que a assembleia da República vai votar, e que foi a justificação para a greve geral, foi obtido a partir das reuniões promovidas pelo Governo. a utilização da greve, enquanto arma política, tem-se revelado manifestamente prejudicial às pessoas que pretendem trabalhar, mantendo o seu sustento e dos seus. De um lado estão os grevistas, do outro aqueles que pretendem trabalhar e são impedidos de o fazer. Por exemplo: são centenas de milhares de pessoas que utilizam os transportes públicos para ir para os seus empregos, umas não o conseguem pela falta de meios e outras são obrigadas a recorrer a alternativas para conseguir fazê-lo. Mas não podemos esquecer também as pessoas que ficam sem acesso a outros serviços essenciais de utilidade pública, como por exemplo na saúde e no ensino, para além de serviços do próprio Estado, o que dificultam em muito o pleno direito do cidadão comum. Os direitos deveriam ser iguais para ambas as partes, mas na realidade aqueles que o exercem em relação à greve cerceiam os direitos dos outros ao trabalho. alguma coisa será preciso fazer para alterar este estado de coisas. Em referência aos factos ocorridos durante esta greve, a imprensa fez alusão a confrontos entre grevistas e polícia que mancharam a jornada de luta em Lisboa e no Porto. Contudo, há que referir que os confrontos tiveram origem nos manifestantes, e quando tal acontece a segurança (forças policiais) tem que atuar para se defender e àqueles que deve proteger das investidas de pedras, etc. , mas de forma adequada. De acordo com as informações veiculadas, na desordem em Lisboa teriam sido atingidos também trabalhadores da comunicação social que cobriam o acontecimento, o que pode levar a interpretações menos abonatórias em relação à atuação das forças de segurança, dado o carácter específico da função da imprensa. a sociedade portuguesa está confrontada com a falta de equidade na distribuição de sacrifícios, por isso seria bom que este tipo de greves e a linguagem utilizada não fossem o rastilho para uma desordem social de consequências imprevisíveis e em que todos poderemos ser envolvidos.