«Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o seu único Filho. Todo aquele que acredita n’Ele tem a vida eterna», cantam os fiéis na aclamação antes do Evangelho do 4º domingo de Quaresma
«Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o seu único Filho. Todo aquele que acredita n’Ele tem a vida eterna», cantam os fiéis na aclamação antes do Evangelho do 4º domingo de QuaresmaUma das grandes dores da história da humanidade foi a escravatura, causada pelo pecado do complexo de superioridade de certos povos sobre outros. a escravatura floresce nos nossos dias sob várias formas. a causa é sempre a mesma: o pecado do abuso ganancioso do mais fraco. Na Palavra de Deus do 4º domingo de Quaresma entrechocam-se o pecado do homem, que despreza a Lei de Deus, e o amor de Deus para com o homem. Já na primeira leitura vemos o povo judeu atraiçoar a sua aliança com Deus e por isso é levado para o amílcar da Babilónia. Mais tarde, Deus distribui o seu perdão ao povo judeu precisamente por meio do rei Ciro da Babilónia, que deixa os judeus voltarem para a sua terra a fim de reconstruírem o Templo do Senhor em Jerusalém. É uma constante da humanidade o desprezo do homem pela Lei de Deus. O progresso nas várias ciências leva muitos a não precisarem mais de Deus, a imitarem adão e Eva que, na prática, disseram: Não queremos que seja Deus a decidir o que é bem e o que é mal; somos nós que vamos decidir. Por este seu complexo de superioridade, o homem torna-se escravo de si próprio e das suas ideias, e estabelece sistemas em que os mais fracos ficam muitas vezes fora das decisões importantes da sociedade. Colocando-se assim o homem no trono de Deus, voltando a sua atenção só para coisas do seu apreço, vão-se sucedendo os cataclismos lógicos daqueles para quem a sabedoria de Deus não tem valor. Vai assim o homem construindo as suas Torres de Babel que, de vez em quando, se desmoronam com grande fragor. Mas Deus, sendo eterno e eternamente bom, não desanima nunca no seu amor por nós. a segunda leitura diz-nos que Deus é rico em misericórdia e, pelo amor que nos consagrou, restitui-nos à vida em Cristo Jesus (Ef 2,4-5). O evangelho contém um dos poemas mais belos ao amor de toda a Palavra de Deus. Diz Cristo a Nicodemos: Deus amou de tal maneira o mundo que entregou o seu Filho único para a salvação do mundo Quem pratica a verdade aproxima-se da Luz, que é Cristo (Jo 3, 16. 21). a Quaresma é o tempo que o homem dos nossos dias precisa desesperadamente para entrar em si próprio para aí encontrar o Espírito de Deus e tratar de estabelecer ou desenvolver um contacto direto e permanente com Ele. a fidelidade a esta atividade leva-nos, pelo perdão dos pecados, à explosão da Luz de Cristo em nós na Páscoa. Só assim pode o homem superar a sua crise de identidade como criatura e filho adotivo de Deus.