Dora chegou pontualmente à secretaria e informou que tinha encontro marcado com o senhor Samuel. Indicaram-lhe uma sala onde estava à sua espera um homem sereno e de cabelo grisalho. Mal a viu, levantou-se com um sorriso daqueles que dizem que é bem-vindo
Dora chegou pontualmente à secretaria e informou que tinha encontro marcado com o senhor Samuel. Indicaram-lhe uma sala onde estava à sua espera um homem sereno e de cabelo grisalho. Mal a viu, levantou-se com um sorriso daqueles que dizem que é bem-vindo- Dora, é um prazer conhecê-la! a sua amiga falou-nos muito de si e mostrou-nos alguns textos seus. Obrigado por ter aceite este encontro. – Obrigada, senhor Samuel! Eu é que agradeço o seu convite, mas temo não ter muito para contribuir. – Pelo contrário, minha amiga, precisamos de si e da sua capacidade de comunicação. O Centro lançará brevemente uma revista com a participação dos jovens, das famílias e da comunidade em geral. Um dos temas permanentes é Histórias de Sentir. Gostaríamos que fosse a Dora a responsabilizar-se por este tema. Dora fitou aquele homem de olhar sábio e viu-se pequenina face às expetativas que ele colocara em si. O medo segredou-lhe que o mais sensato seria recusar. Haveria tanta gente bem mais capaz de o fazer. Enquanto os seus medos vinham e iam, o senhor Samuel falava com tanto entusiasmo dos benefícios que esperava que a revista tivesse junto de toda a comunidade, das dificuldades para a concretizar e da sua campanha de convites aos colaboradores, que Dora deixou-se embarcar, completamente envolvida nesse sonho. Estava a ser convidada a fazer parte de um grupo que não conhecia, mas que Samuel congregava e em quem confiava. Bastava ouvir ou ver este senhor para perceber com quanta generosidade inventa e cria novos horizontes. Quanto enriquecimento proporciona ele a quem aceita juntar-se ao imenso grupo dos que têm algo para dar, mesmo que seja muito pouco! Dora reconheceu que era uma privilegiada e quis dizê-lo claramente ao homem que estava a ser responsável por isso. – É com um imenso obrigada que aceito o seu convite, senhor Samuel. O meu contributo será pequenino, mas o projeto é grandioso e eu fico feliz por me poder sentir parte dele. Obrigada por me ter convidado a participar. Sobretudo, obrigada por ter querido precisar de mim e ter vindo ao meu encontro. Samuel respondeu-lhe com um abraço comovido, acolhendo nele os medos de Dora e também os seus. Tentou vencê-los com a sua certeza de que, congregando pequenas forças de muitos, constroem-se grandes projetos.