No mundo da globalização, do relativismo e das liberdades, que provoca a crise de identidade, nota-se um certo movimento de retorno que se traduz no fundamentalismo e no sectarismo.
No mundo da globalização, do relativismo e das liberdades, que provoca a crise de identidade, nota-se um certo movimento de retorno que se traduz no fundamentalismo e no sectarismo. Desta vez aquilo que vos proponho não é bem uma notícia, é mais uma reflexão. a nossa paróquia situa-se nos arredores de Maputo, naquilo que é conhecido como cidade da Matola. Na verdade a cidade da Matola não despega de Maputo. Em conclusão vivemos numa periferia com todas as características inerentes. Podemos assim encontrar alguns dos fenómenos que são característicos das periferias urbanas.
Nesta ocasião queria propor uma reflexão sobre um fenómeno, que, na minha modesta maneira de ver, está em expansão e do qual ainda não se estudaram os efeitos na sociedade.
No nosso bairro, Liqueleva, existe uma quantidade inumerável de igrejas e outros locais de culto. Cada rua tem uma, senão duas, destas igrejas, que podemos chamar domésticas. Devemos reconhecer que por estes lados os primeiros a chegar foram os muçulmanos (também para caçar escravos, muito antes dos colonos europeus, mas isto não se pode dizer porque não é politically correct e é necessário ter fair play). antes da chegada dos cristãos católicos, já por aqui andavam os cristãos protestantes. O fenómeno das seitas desenvolveu-se somente após a queda do regime comunista.
Não é uma novidade e penso que em muitos outros sítios (mesmo naqueles tradicionalmente cristãos e católicos) podemos constatar o mesmo fenómeno. aquilo que me surpreende é que na Igreja católica este fenómeno ainda não tenha merecido uma reflexão séria.
Se tivermos em consideração que muitos daqueles que engrossam as fileiras destas seitas são pessoas que foram baptizadas e receberam muitos dos sacramentos da Igreja católica, admira a pouca atenção que se tem dedicado ao fenómeno.
Esta reflexão poderia trazer à luz certas deficiências e características que na realidade afastam as pessoas das nossas igrejas. Existe um conjunto de factores que favorecem esta realidade (poucas exigências éticas e morais e promessas de milagres que estas seitas fazem, asim como o desejo de uma religiosidade pouco empenhada, rápida, de supermercado. Poderíamos chamar-lhe uma religião light). Mas será que não depende de nós católicos fazer algo mais? Não estaremos nós, “os que estamos certos”, a cometer um pecado de omissão?
é verdade que no seio da Igreja católica, nos últimos anos, têm surgido grupos e movimentos que têm muito em comum com estas igrejas sectárias. Tais movimentos têm conseguido bastante êxito e têm agregado um grande número de pessoas. Mas será esta a resposta correcta para o fenómeno das seitas? a Igreja Católica deve imitá-las? Qual é a resposta de fidelidade ao Senhor Jesus?
Peço desculpa. Perguntas tenho muitas mais. Respostas nenhuma. Seria de desejar que, como disse Jesus, começássemos a preocupar-nos mais com a ovelha que se perdeu e deixássemos mais em paz as outras noventa e nove (cfr. Mt 18,12-14; Lc 15,4-10 e seguintes).